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Publicado: 19 de agosto de 2025 às 15:49

Roblox em xeque: Quando diversão se mistura com risco

Banimento e acusações colocam a segurança infantil em debate.

Imagine uma praça enorme, colorida, cheia de jogos, amigos e diversão. Agora, imagine que, escondidos entre os brinquedos, existem pessoas mal-intencionadas, aproveitando-se da inocência de quem só queria brincar. É mais ou menos assim que muitos pais e jovens estão descrevendo a situação da Roblox, uma das maiores plataformas de games do mundo, que virou alvo de críticas pesadas, processos e uma onda de desconfiança.

Tudo começou com um nome que, até pouco tempo atrás, só fazia sentido dentro da comunidade gamer: Schlep, um YouTuber que ganhou notoriedade criando “operações caça-predadores” dentro do Roblox. A ideia parecia simples: investigar perfis suspeitos, expor comportamentos criminosos e colaborar com autoridades. Suas ações acabaram levando à prisão de seis homens acusados de tentar aliciar menores. Para seus seguidores, Schlep era um herói digital. Mas, para a empresa, ele se tornou um problema.

No início de agosto, a Roblox não apenas baniu o YouTuber da plataforma, como também enviou uma notificação judicial, acusando-o de colocar a comunidade em risco. A justificativa oficial é que “vigilantes digitais” poderiam comprometer investigações reais e criar um ambiente instável. Mas, para o público, a mensagem foi outra: a empresa estaria mais preocupada em proteger sua imagem do que seus usuários. Resultado? Uma avalanche de críticas, campanhas de boicote e hashtags como #FreeSchlep tomaram conta das redes sociais.

O episódio acendeu um alerta maior: afinal, quão segura é a Roblox para crianças e adolescentes? O caso atraiu a atenção da imprensa, de criadores de conteúdo e até de políticos. O deputado americano Ro Khanna lançou uma petição pedindo mudanças urgentes na plataforma e responsabilização da sua liderança. Em poucos dias, mais de 100 mil assinaturas se acumularam, pedindo a saída do CEO David Baszucki.

Para piorar, no dia 14 de agosto, a Procuradora-Geral da Louisiana entrou com um processo formal contra a empresa, alegando que o Roblox se tornou “o lugar perfeito para predadores sexuais”. A acusação é de que a companhia falhou em proteger seu público infantil e colocou lucros acima da segurança. Foi o tipo de golpe que não atinge apenas os cofres, mas a reputação e essa costuma ser muito mais difícil de recuperar.

E como se não bastasse, um nome conhecido apareceu na história: Chris Hansen, jornalista famoso pelo programa To Catch a Predator. Hansen anunciou que vai investigar o caso ao lado de vítimas e autoridades, o que jogou ainda mais luz sobre os problemas da empresa. Para quem acompanha esse tipo de notícia, o envolvimento dele é sinal de que a situação é grave.

A Roblox tenta se defender. Afirma que já usa sistemas de inteligência artificial para detectar riscos, que possui filtros de bate-papo e que vem desenvolvendo ferramentas como verificação de idade por vídeo. Tudo isso é válido, claro. Mas há uma diferença enorme entre dizer que está cuidando da comunidade e conquistar a confiança de quem tem filhos brincando na plataforma.

No fundo, essa crise revela algo maior: a dificuldade das empresas digitais em equilibrar crescimento e segurança. É fácil celebrar milhões de usuários ativos, lucros bilionários e conteúdos criados todos os dias. O difícil é garantir que, nesse mar de interações, nenhuma criança seja exposta a perigos que poderiam ser evitados.

O que acontecerá agora com a Roblox? É cedo para dizer. Pode ser que a empresa adote medidas mais rigorosas, que reconquiste aos poucos a confiança perdida ou que continue perdendo espaço para concorrentes. O certo é que pais, jogadores e até governos estão de olho. E, nesse jogo, não há espaço para erro: proteger crianças deve ser sempre a prioridade.

Fonte: mapaempresariall.com.br