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Publicado: 19 de agosto de 2025 às 19:13

Pecuária inteligente

Bezerros machos agora têm destino lucrativo e sustentável.

Na produção de leite, os bezerros do sexo masculino sempre foram um desafio para os produtores. Ao contrário das fêmeas, que permanecem no rebanho para a produção de leite, os machos frequentemente não possuem um destino específico, o que torna sua gestão um desafio constante. Por muitos anos, muitos eram vendidos precocemente, destinados a um abate feito de maneira improvisada ou até mesmo descartados. Nos tempos recentes, no entanto, essa situação tem se alterado: um número crescente de criadores reconhece nos bezerros do sexo masculino uma chance de aumentar sua renda e agregar valor ao seu rebanho, direcionando investimentos para a criação voltada à produção de carne.


A principal distinção entre a criação de fêmeas para a produção de leite e a de machos para a produção de carne reside na ênfase da atividade produtiva. Enquanto as vacas-leiteiras necessitam de monitoramento contínuo da nutrição, saúde e produtividade, os machos podem ser criados com a finalidade de aumentar o peso e melhorar a qualidade da carne, com foco em dietas ricas em energia e práticas que promovam o crescimento muscular. A atenção à saúde permanece fundamental, porém a abordagem se altera: o objetivo é converter os animais em carne de boa qualidade de maneira eficiente.


Outro aspecto que distingue os dois tipos de criação é o período necessário para alcançar o peso desejado para o mercado. Bezerros do sexo masculino podem atingir a condição de venda de forma mais rápida, possibilitando que o produtor organize a produção de maneira mais eficiente e diminua as despesas relacionadas à manutenção do rebanho. Além disso, a produção desses machos cria novas oportunidades de venda, seja para frigoríficos, açougueiras ou até estabelecimentos que apreciam carne de qualidade feita localmente.


A genética do grupo de animais é um aspecto importante. Raças de leite puras, em geral, não apresentam o mesmo potencial de crescimento em peso ou qualidade de carne que as raças destinadas ao corte. Por essa razão, diversos criadores dedicam-se a cruzamentos planejados, unindo qualidades de leite e carne para gerar animais fortes, produtivos e com carne de excelente sabor, preservando a produção de leite no rebanho de fêmeas.


Além do aspecto econômico, essa abordagem proporciona vantagens ambientais e de sustentabilidade. Destinar os bezerros machos de maneira produtiva implica em minimizar o desperdício e otimizar o uso dos recursos disponíveis, o que torna a pecuária mais eficaz. A combinação da produção de leite com a de carne estabelece um modelo mais harmonioso, que favorece o desenvolvimento sustentável da indústria.
Para os produtores, essa alteração na estratégia significa converter um desafio em uma oportunidade. Os bezerros machos deixam de representar um desafio na gestão e se tornam uma fonte de renda, valorizando a propriedade e possibilitando novas oportunidades de negócios. É igualmente uma maneira de inovar, ajustar-se ao mercado e utilizar ao máximo cada animal do rebanho.


Em síntese, produzir bezerros do sexo masculino para a carne constitui uma opção inteligente e sustentável no contexto da criação de gado leiteiro. Com organização, cuidado com a genética e manejo apropriado, é viável obter lucros, reforçar a empresa e assegurar que cada animal tenha um futuro produtivo, convertendo um antigo obstáculo em uma real chance de avanço.