Territórios do medo: 26% dos brasileiros vivem sob regras de facções
Um quarto da população enfrenta leis paralelas impostas por organizações criminosas, o maior índice da América Latina.
No Brasil, atualmente, mais de 26% da população está sob a influência de grupos criminosos. Não se trata apenas de dados frios: são indivíduos, famílias e comunidades inteiras que observam suas vidas sendo alteradas por normas aplicadas de maneira rigorosa, em áreas onde o Estado frequentemente não alcança ou não consegue estabelecer sua autoridade. É o maior índice da América Latina, e por trás dele há uma realidade difícil, frequentemente invisível para aqueles que residem fora dessas comunidades.
Residindo nessas regiões implica entender desde cedo que cada passo, cada decisão e cada ação deve obedecer a normas não formalizadas, mas estritamente impostas pelas associações criminosas. Crianças e adolescentes se desenvolvem percebendo um ambiente alternativo, onde a violência é tratada como algo comum e onde a sobrevivência está ligada à conformidade. Para diversos habitantes, duvidar dessas normas não é uma alternativa: trata-se de uma questão de sobrevivência.
O controle das facções abrange muito mais do que apenas o comércio de entorpecentes. Eles supervisionam o comércio na área, impõem tarifas e decidem quem pode entrar e sair da comunidade. A violência transforma-se em um meio de amedrontar, mantendo tanto os residentes quanto os adversários sob domínio. Escolas, hospitais e áreas públicas enfrentam impactos: a educação é prejudicada, a saúde se deteriora e as chances de emprego quase desaparecem. A rotina do dia a dia é caracterizada por um temor discreto, porém persistente, além da obrigatoriedade de se ajustar às normas estabelecidas.
Embora o contexto seja difícil, há narrativas de superação e otimismo. Líderes da comunidade, instituições sociais e residentes se empenham em desenvolver opções para os jovens, proporcionando educação, atividades esportivas e culturais como alternativas ao ciclo de violência. Cada iniciativa que logra manter uma criança na escola ou oferecer chances para o futuro é uma conquista discreta contra a atuação das facções.
A problemática das facções não se resume apenas à segurança; trata-se de um desafio social, econômico e humano. Para mudar essas comunidades, não é suficiente apenas a repressão. É fundamental aplicar recursos em educação, inclusão, progresso social e fortalecimento da cidadania. Cada iniciativa que proporciona opções concretas às pessoas nessas regiões é uma maneira de interromper ciclos e criar oportunidades para novas possibilidades de vida.
Em síntese, os 26% da população do Brasil que vivem sob a influência de facções não representam apenas dados estatísticos. Tratam-se de narrativas sobre adaptação, temor, resiliência e esperança. Compreender essa situação é o primeiro passo para desenvolver soluções eficazes, que empoderem comunidades e lhes restituam o direito de viver sem a necessidade de se submeter ao crime. Porque, ao final, toda a sociedade ganha quando áreas marcadas pelo medo se tornam lugares de oportunidades e liberdade.
Fonte: mapaempresariall.com.br