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Publicado: 25 de agosto de 2025 às 19:41

A Queda da Evergrande: de gigante do mercado imobiliário ao colapso financeiro

A maior incorporadora da China enfrenta crise histórica, deixando investidores e famílias em alerta.

Por muitos anos, a Evergrande foi um verdadeiro símbolo de prosperidade na China. A incorporadora cresceu em um ritmo alucinante, ergueu cidades inteiras e vendeu sonhos de estabilidade para milhões de famílias. Era quase impossível olhar para o horizonte chinês sem ver algum projeto da empresa em destaque. Porém, como em muitas histórias de impérios que crescem rápido demais, o final não foi tão grandioso quanto o início.

A Evergrande, que já foi considerada a maior incorporadora do mundo, entrou em colapso financeiro, deixando não apenas investidores e credores em choque, mas também famílias que viram seu sonho da casa própria virar uma enorme interrogação. Afinal, como uma empresa tão gigante pode ter caído de forma tão abrupta?

O apetite pelo crescimento

O modelo da Evergrande parecia simples: crescer, crescer e crescer. A empresa comprava terrenos, anunciava novos empreendimentos e vendia apartamentos na planta. O dinheiro dessas vendas era usado não apenas para concluir obras, mas também para financiar novos projetos. O problema é que esse ciclo de crescimento dependia de um equilíbrio delicado: sempre precisar haver mais compradores e mais crédito disponível.

Durante anos, funcionou. A Evergrande chegou a ter mais de 1.300 projetos em centenas de cidades chinesas. Para além da construção civil, expandiu-se para áreas curiosas: carros elétricos, times de futebol, parques temáticos e até produção de água mineral. Era um império diversificado, mas, na prática, sustentado por dívidas cada vez maiores.

O peso das dívidas

Em determinado momento, a conta chegou. Estima-se que a Evergrande acumulou dívidas superiores a 300 bilhões de dólares um valor tão alto que assusta não apenas pela soma, mas pelo impacto que pode gerar na economia global. Para se ter uma ideia, muitos analistas passaram a comparar a crise da empresa com a falência do Lehman Brothers em 2008, que desencadeou a crise financeira mundial.

Aos poucos, fornecedores pararam de receber, obras foram paralisadas e investidores começaram a perder a confiança. Milhares de famílias que já haviam pago por imóveis ainda na planta se viram presas em um limbo: sem apartamento pronto e sem garantias claras de que receberiam seu dinheiro de volta.

O impacto social e político

Na China, o setor imobiliário não é apenas um negócio, ele representa cerca de 30% da economia do país. O governo chinês sabe que a confiança no mercado imobiliário é essencial para a estabilidade social. Afinal, boa parte das famílias chinesas investe suas economias na compra de imóveis, considerados símbolos de segurança e prosperidade.

Diante do risco de uma crise em cadeia, Pequim precisou intervir. A estratégia foi tentar limitar os danos: evitar que o colapso da Evergrande contaminasse o restante do setor e, ao mesmo tempo, lidar com a frustração de milhões de pessoas. Mas a ferida já estava aberta.

Uma lição sobre ambição sem limites

A história da Evergrande é, no fundo, uma lição sobre como a ambição desenfreada pode se tornar armadilha. O desejo de crescer sem parar, sustentado por dívidas gigantes, pode parecer viável enquanto a roda gira. Mas basta um tropeço para que o castelo desmorone.

Para a China, o episódio serviu de alerta: até mesmo gigantes podem cair. Para o mundo, foi mais um lembrete de que estamos todos conectados e que um problema em um setor aparentemente distante pode ter efeitos bem mais próximos do que imaginamos.

No fim das contas, a Evergrande deixou como legado não apenas prédios inacabados, mas também uma reflexão importante: o crescimento rápido demais pode custar caro, e a solidez de um império depende de bases mais firmes do que dívidas e promessas.

Fonte: mapaempresariall.com.br