Adeus a Luis Fernando Verissimo: O cronista que transformou a vida em literatura

Escritor gaúcho faleceu aos 88 anos em Porto Alegre, deixando um legado de humor, afeto e reflexões que marcaram gerações de leitores.

É difícil colocar em palavras o que sentimos quando alguém como Luis Fernando Verissimo nos deixa. O escritor gaúcho, filho de Érico Verissimo, partiu neste sábado (30), em Porto Alegre, aos 88 anos, depois de complicações de uma pneumonia.

Para muitos brasileiros, ele não era apenas um escritor. Era aquele amigo silencioso que chegava todo domingo, através das crônicas publicadas em jornais, para comentar com ironia fina e humor leve as pequenas e grandes  confusões da vida.

Um mestre da simplicidade

Luis Fernando tinha um dom raro: transformar o cotidiano em literatura. Escrevia sobre filas de banco, relacionamentos, política e até futebol, mas sempre com aquele olhar que fazia a gente rir primeiro… e pensar depois.

Quem nunca se divertiu com o Analista de Bagé, se identificou com a Velhinha de Taubaté ou acompanhou as trapalhadas de Ed Mort? Seus personagens, quase caricatos, refletiam um Brasil que todos reconhecíamos, mas não sabíamos descrever tão bem quanto ele.

Mais que escritor, um companheiro de vida

Os depoimentos de leitores são emocionantes. Muitos dizem que aprenderam a gostar de ler com seus livros. Outros contam que usavam suas crônicas como “conselho” para atravessar momentos difíceis.

E é verdade: Verissimo tinha essa capacidade de nos fazer sentir acompanhados. Sua escrita simples e direta era como uma conversa de café com alguém que, ao mesmo tempo, sabia rir de tudo e valorizar as pequenas belezas do cotidiano.

Família e música, seus outros amores

Além da literatura, Luis Fernando cultivava paixões que mostravam seu lado mais humano. O saxofone era uma delas. Não era raro vê-lo falando da música como uma extensão da vida, algo que preenchia silêncios e dava ritmo às palavras.

Na vida pessoal, construiu uma história ao lado da esposa, Lúcia Helena Massa, e dos três filhos, Pedro, Fernanda e Mariana. Um homem reservado, mas que guardava no lar sua maior fonte de inspiração.

Uma despedida com gratidão

Nos últimos anos, a saúde de Verissimo já exigia cuidados especiais. Ainda assim, sua obra seguia presente em livros relidos, em citações, em adaptações para a TV, em conversas de bar.

Hoje, ao receber a notícia de sua partida, fica um vazio enorme, mas também uma gratidão imensa. Gratidão por termos tido um cronista que nos mostrou que rir de nós mesmos é, talvez, o maior sinal de inteligência.

Luis Fernando Verissimo nos deixou, mas sua voz continua ecoando em cada página, em cada risada despertada, em cada reflexão sobre a vida. Afinal, escritores como ele nunca se vão por completo  permanecem onde sempre estiveram: no coração de seus leitores.

Fonte: mapaempresariall.com.br