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Publicado: 08 de setembro de 2025 às 14:48

Aluguel em Portugal vira desafio para estudantes brasileiros que sonham com o diploma

Crise habitacional eleva preços, aperta o orçamento e transforma a experiência acadêmica em uma jornada de sacrifícios e resistência.

Estudar em Portugal é o sonho de muitos jovens brasileiros. A ideia de atravessar o oceano, mergulhar em uma nova cultura e ainda ter acesso a universidades respeitadas encanta e enche de esperança quem busca um futuro melhor. Mas, por trás das fotos bonitas nas redes sociais e dos sorrisos de quem chega cheio de planos, existe uma realidade dura que nem sempre é contada: o peso do aluguel.

Encontrar um lugar para morar em cidades como Lisboa, Porto e Coimbra virou quase uma missão impossível. Os preços estão tão altos que, muitas vezes, o valor de um quarto dividido chega perto do salário mínimo local. Para quem vem do Brasil, onde a moeda já não ajuda muito, cada anúncio de apartamento parece um balde de água fria. É como se o sonho de estudar fora viesse acompanhado de uma conta salgada que ninguém imaginava pagar.

O impacto é imediato. Muitos estudantes precisam dividir apartamentos pequenos com várias pessoas, improvisar espaços e até aceitar quartos que mal cabem uma cama. Não é raro ouvir histórias de jovens que passam meses em busca de um teto, pulando de hospedagem temporária em hospedagem temporária, até conseguir algo fixo. E, quando finalmente encontram, o preço é tão alto que sobra pouco para alimentação, transporte e até mesmo para o lazer, que é parte fundamental da experiência de morar em outro país.

Os pais no Brasil também sentem o peso dessa realidade. Muitos fazem malabarismos financeiros para enviar dinheiro, enfrentando a desvalorização do real em relação ao euro. Já os estudantes tentam ajudar como podem, pegando empregos de meio período, cuidando de crianças, trabalhando em cafés ou restaurantes, tudo isso enquanto carregam a responsabilidade de manter boas notas na universidade. É um equilíbrio delicado, e qualquer aumento no aluguel pode significar mais noites em claro de preocupação.

Um estudante de São Paulo contou que, quando chegou a Lisboa, a expectativa era dividir um apartamento com dois amigos. Depois de semanas de procura, o que conseguiram foi um quarto minúsculo para cada um, em um bairro distante da faculdade, com aluguel quase o dobro do que tinham planejado. Ele lembra que a empolgação da mudança foi logo substituída pela ansiedade de não saber se conseguiriam se manter. Já uma estudante do Rio relatou que desistiu de morar sozinha em Coimbra depois de ver que os preços simplesmente não cabiam no bolso. Hoje, divide um apartamento com quatro colegas e confessa que o maior desafio não é a convivência, mas a conta no fim do mês.

A situação não é isolada. É reflexo de uma crise habitacional que atinge todo o país e que também afeta a população local. O governo português tem anunciado medidas, como o aumento de residências estudantis, mas quem está vivendo o problema sabe que a mudança demora. Enquanto isso, os estudantes seguem criando estratégias: dividir despesas ao máximo, cozinhar em casa para economizar, morar mais longe das universidades e enfrentar longas viagens de transporte público.

Apesar de tudo, a vontade de conquistar um diploma e transformar a vida continua sendo maior que as dificuldades. Muitos dizem que o aprendizado vai além das salas de aula: é sobre amadurecer, sobre enfrentar a vida real e sobre descobrir uma força que nem sabiam que tinham. E talvez seja justamente esse espírito de resistência que define tantos brasileiros em Portugal. Porque, mesmo com todos os obstáculos, eles seguem acreditando que cada sacrifício de hoje vai se transformar em conquista amanhã.

Fonte: mapaempresariall.com.br