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Publicado: 02 de novembro de 2024 às 11:49

Ambev sente o peso da concorrência na Skol, mas foco em preço continua no longo prazo

Estratégia de preço da Ambev busca estabilidade frente à pressão do mercado

O terceiro trimestre trouxe desafios significativos para uma das principais fabricantes de bebidas do país, que sentiu o impacto de uma concorrência mais agressiva no segmento de cervejas populares. Em especial, uma marca de longa data, amplamente conhecida entre os consumidores brasileiros, foi pressionada por preços mais competitivos de outras empresas do setor.

As ações da companhia chegaram a cair 2,24% na última quinta-feira, e, embora a recompra de 155 milhões de ações tenha ajudado a minimizar perdas maiores, os papéis ainda não se recuperaram totalmente. A queda de 11% no lucro, somando R$ 3,57 bilhões, foi agravada por despesas com impostos, devido a uma menor dedutibilidade de incentivos governamentais e de juros sobre capital próprio, além do baixo desempenho em volume de vendas, que ficou abaixo das expectativas de crescimento do mercado.

A projeção inicial era um avanço de 2,5% no volume de cerveja, mas os resultados indicaram um crescimento de apenas 0,6%. A liderança da empresa argumenta que, apesar das oscilações, o desempenho de longo prazo tem sido positivo, com um aumento consistente desde 2020, em um mercado de cerveja que segue aquecido.

No segmento premium, o grupo obteve um desempenho mais expressivo, crescendo mais de 25% em marcas de prestígio. Em um segmento intermediário, com produtos mais sofisticados, as vendas aumentaram 10%, mas os rótulos populares – que representam grande volume – enfrentaram maior impacto na competição de preços. A marca mais afetada foi justamente a de maior renome popular, que sofreu com o embate no mercado.

Com as dificuldades impostas pelo ambiente de preços, a companhia enfrenta um desafio adicional para preservar seu espaço nas prateleiras e seu alcance junto aos consumidores. A qualidade do portfólio, sua forte rede de distribuição e o acesso a canais de venda digital serão testados para ajudar a manter a competitividade da empresa.

Ainda que os preços tenham sido reajustados, os aumentos tributários, como o ICMS, anularam parcialmente o efeito desse repasse. Segundo o diretor financeiro, a estratégia de preços não mudará, mantendo-se com foco em crescimento sustentável, equilibrando variáveis como renda disponível, PIB e posicionamento de suas marcas. A meta é que esse crescimento se traduza em geração de caixa de forma saudável.

Nos últimos três anos, a companhia conseguiu aumentar o volume de vendas, alcançando recordes, mas ainda busca recuperação na rentabilidade, que começou a se fortalecer em 2023, com um aumento de 2,7 pontos percentuais na margem Ebitda do mercado de cerveja brasileiro, agora em 33%. Ainda que o custo das commodities tenha pressionado o orçamento, o desafio atual da empresa é equilibrar volume, receita, preços e saúde de marca em um ambiente de alta concorrência.

Agora, o grande teste será manter essa complexa dança entre mercado, custos e rentabilidade. O próximo ano poderá revelar até que ponto a empresa conseguirá manter o equilíbrio entre participação de mercado, saúde financeira e fortalecimento de sua marca.