Quando o café pesa no bolso: Brasileiros reduzem consumo por causa do preço
O aumento no valor do cafezinho tem mudado rotinas e até afetado tradições, mostrando que essa bebida é muito mais do que um simples hábito diário.
O café sempre teve um lugar especial no coração dos brasileiros. É difícil imaginar uma manhã sem o cheirinho que invade a cozinha, ou uma tarde de conversa sem aquele convite clássico: “vamos tomar um cafezinho?”. Para muita gente, essa bebida vai além do simples ato de se manter acordado; é um hábito que faz parte da identidade cultural e afetiva do país. Mas uma pesquisa recente mostrou algo que entristece muitos de nós: os brasileiros estão tomando menos café, e o motivo é o aumento dos preços.
O café, que sempre foi visto como acessível e quase indispensável na rotina, agora está pesando mais no orçamento das famílias. Ir ao supermercado se tornou uma experiência de cálculos e comparações, e não é raro ver alguém devolvendo o pacote de café para a prateleira depois de olhar a etiqueta. Antes, era um item que entrava no carrinho sem pensar duas vezes; hoje, exige reflexão. Isso mexe não só com o bolso, mas também com a rotina. Afinal, o café não é só mais uma bebida. Ele marca pausas, cria memórias e aproxima pessoas.
Para muita gente, reduzir o consumo foi quase uma decisão dolorosa. É como se a mesa do café da manhã ficasse um pouco mais silenciosa. Lembro de quando chegava na casa da minha avó, e antes mesmo de eu sentar, ela já estava passando café. Era uma forma de dizer “bem-vindo”. Esse gesto, tão simples e tão brasileiro, está sendo impactado pela alta dos preços. E quando algo tão cotidiano é afetado, a sensação é de perda, de que até pequenos prazeres estão ficando mais distantes.
Mesmo assim, o brasileiro não perde a criatividade. Algumas famílias estão buscando alternativas para não abrir mão desse hábito. Uns compram em atacados, outros aproveitam promoções, há quem faça café em menor quantidade para evitar desperdícios. Há também aqueles que tentam substituir pelo chá ou pelo café solúvel, mas sejamos sinceros: não é a mesma coisa. O ritual de coar, o aroma que se espalha pela casa e a primeira golada quente logo cedo são insubstituíveis.
Essa situação também mostra algo maior. Se até o café, que sempre foi símbolo de acessibilidade, já não cabe mais com tanta facilidade no orçamento, o que dizer dos outros produtos básicos? A inflação bate à porta silenciosamente, e ela não afeta só números de mercado, mas a vida real, dentro da cozinha de cada casa. O café se torna, então, um termômetro das dificuldades enfrentadas por milhões de brasileiros.
Apesar disso, é difícil imaginar que essa relação vá acabar. Pode ser que o consumo diminua por um tempo, mas a ligação emocional com o café é forte demais para desaparecer. Ele não está apenas nas xícaras: está nas músicas, nas histórias, nos intervalos do trabalho, nas horas de estudo. Está nos encontros com amigos e no aconchego de uma tarde chuvosa. O brasileiro pode até adaptar a forma de consumir, mas dificilmente abrirá mão desse companheiro tão presente.
No fim das contas, o café continua sendo mais do que um produto no supermercado. É parte de quem somos. Pode estar mais caro agora, mas continua carregando um valor imensurável que nenhum preço consegue apagar. E talvez essa seja a prova de que, mesmo diante das dificuldades, ainda encontramos motivos para aquecer o coração de preferência, com uma boa xícara fumegante nas mãos.
Fonte: mapaempresariall.com.br