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Publicado: 11 de outubro de 2025 às 09:00

A pobreza no Brasil volta a crescer: 58 milhões de vidas pedindo mais do que estatísticas

Por trás dos números frios do IBGE, há histórias reais. Famílias inteiras que lutam para sobreviver com menos de R$ 600 por mês, enquanto o país tenta equilibrar contas que parecem nunca fechar.

A cada nova pesquisa sobre pobreza no Brasil, um número se destaca — e uma realidade se repete.
Em 2025, segundo dados do IBGE, cerca de 58 milhões de brasileiros vivem abaixo da linha da pobreza. Isso significa um em cada quatro brasileiros tentando sobreviver com menos de R$ 600 por mês.

Entre eles, 16,8 milhões estão em extrema pobreza, com uma renda mensal inferior a R$ 200.
Mas o mais grave é que, para muitos, isso se tornou normal. A pobreza virou um cenário cotidiano, silencioso, quase invisível. E é justamente aí que mora o perigo: quando a desigualdade deixa de causar incômodo, o país começa a perder sua humanidade.

Por trás de cada número, há um rosto

Por trás dessas estatísticas estão histórias de mães que pulam refeições para que os filhos comam, jovens que desistem da escola para ajudar em casa, e idosos que dividem o pouco que têm com vizinhos.
Essas pessoas não aparecem nas manchetes. Mas são elas que carregam o peso de um país que ainda não conseguiu garantir o mínimo: dignidade.

O estudo mostra que o Nordeste e o Norte continuam sendo as regiões mais afetadas. Em estados como Maranhão, Alagoas e Bahia, a pobreza atinge quase metade da população.
No Sul e Sudeste, os números são menores, mas a desigualdade segue gritante. O Brasil ainda é, segundo o Banco Mundial, um dos países mais desiguais do planeta, com índice de Gini de 0,51 — muito distante de países como Canadá (0,31) e Alemanha (0,29).

Um problema que vai além da economia

A pobreza brasileira não nasce apenas da falta de dinheiro. Ela nasce da falta de acesso, da falta de oportunidade, da falta de voz.
É uma ferida antiga, que atravessa gerações.
E quando o Estado falha em oferecer educação, saneamento, moradia e segurança, não é apenas a economia que sofre — é o próprio futuro da nação que se enfraquece.

A pesquisadora Ana Luísa Costa, do IPEA, resume bem essa realidade:

“A pobreza no Brasil tem cor, endereço e gênero. São as mulheres negras, chefes de família, que mais sentem os efeitos de um país que ainda não aprendeu a dividir.”

Entre políticas e promessas

Programas como o Bolsa Família continuam sendo essenciais, mas também mostram os limites do assistencialismo.
Eles aliviam a dor, mas não curam a ferida.
Como destaca o economista Daniel Nogueira, “o Brasil precisa ir além da transferência de renda — é preciso investir em educação técnica, geração de emprego e inclusão produtiva”.

Sem isso, os números podem até mudar temporariamente, mas a realidade das ruas continua a mesma.

Reflexão final: o despertar coletivo

O aumento da pobreza em 2025 não é apenas um dado econômico. É um chamado à consciência.
É o reflexo de escolhas políticas, prioridades distorcidas e de uma sociedade que, muitas vezes, olha para o lado quando deveria estender a mão.

O Brasil é grande demais para se conformar com a miséria.
E cada um de nós — como cidadãos, empresas, comunicadores e eleitores — tem um papel nesse despertar coletivo.
Porque combater a pobreza não é só tarefa do governo. É uma missão de todos que acreditam que um país justo não se constrói com desigualdade, mas com empatia, oportunidades e educação.