O apartamento de R$ 22 milhões em Miami e as dúvidas sobre Barroso: o que há de verdade nessa história?
O ministro Luís Roberto Barroso, conhecido por seu estilo mais calmo e falas firmes, possui um apartamento em Key Biscayne, uma das áreas mais caras e charmosas de Miami o imóvel vale cerca de R$ 22 milhões e foi pago à vista.
Um apartamento de luxo, sol da Flórida e muitas perguntas
O ministro Luís Roberto Barroso, conhecido por seu estilo mais calmo e falas firmes, possui um apartamento em Key Biscayne, uma das áreas mais caras e charmosas de Miami.
O imóvel vale cerca de R$ 22 milhões e foi pago à vista, o que, convenhamos, impressiona qualquer um. São 158 metros quadrados de frente para o mar, com condomínio que beira os R$ 15 mil mensais — praticamente o preço de um carro popular por mês.
Segundo registros, Barroso comprou o apartamento ainda na planta, em 2013, antes de tomar posse no STF. O registro final saiu em 2014, já com ele na Corte. O imóvel está em nome de uma empresa chamada Telube Florida LLC, que, segundo o próprio ministro, pertence à sua família.
Até aí, nada de ilegal — mas, como é comum no Brasil, bastou a informação vir à tona para uma enxurrada de especulações se espalhar.
Afinal, o que é essa tal de “Lei Magnitsky”?
O nome parece coisa de filme, mas é real.
A Lei Magnitsky é uma legislação dos Estados Unidos que permite punir pessoas envolvidas em corrupção ou violações de direitos humanos. Quando alguém é incluído nessa lista, pode ter bens bloqueados, visto cancelado e acesso negado a bancos americanos.
Nos últimos meses, o ministro Alexandre de Moraes foi alvo de sanções sob essa lei — o que acendeu o alerta vermelho sobre outros nomes do STF, incluindo Barroso.
E foi aí que começaram os boatos: “Barroso saiu do STF”, “teve bens bloqueados”, “passaporte apreendido”... Mas nada disso foi confirmado.
Até o momento, Barroso não foi incluído na lista da Lei Magnitsky. O que aconteceu, sim, foi a suspensão do visto americano, o que também afetou outros ministros e autoridades brasileiras.
O que realmente está em jogo
De fato, a situação é delicada. Se os EUA decidirem estender as sanções, qualquer bem em nome de Barroso ou de empresas ligadas a ele pode ser congelado.
Mas é importante lembrar: ter um imóvel no exterior não é crime, desde que tudo seja declarado corretamente — e, até onde se sabe, o apartamento foi declarado à Receita Federal.
No entanto, há um ponto sensível: o imóvel está em nome de uma empresa offshore, algo comum em investimentos internacionais, mas que costuma gerar desconfiança por ser uma forma de blindar patrimônio.
Como explica o advogado tributarista Temístocles Filho (em casos parecidos), “a questão não é possuir, mas provar a origem do dinheiro e a transparência da operação”.
Em outras palavras: o que pesa não é o endereço do apartamento, mas a clareza das contas.
E por que tudo isso causa tanta indignação?
Talvez porque o brasileiro esteja cansado de ver autoridades falando em justiça enquanto acumulam fortunas.
Para quem pega ônibus lotado, vive de aluguel e mal consegue pagar o mercado do mês, ouvir que um ministro tem um imóvel de R$ 22 milhões em Miami soa quase como uma piada de mau gosto.
E é aí que mora o problema: a desconexão entre o poder e o povo.
Não se trata de inveja, mas de senso de justiça. Quando o cidadão vê o nome de um ministro do Supremo ligado a uma fortuna fora do país, o mínimo que espera é explicação e transparência.
O que Barroso disse até agora
Barroso afirmou que comprou o imóvel de forma legal e declarada, e que tudo está em conformidade com as leis brasileiras. Ele também declarou ter se surpreendido com a inclusão de Moraes na Lei Magnitsky, chamando o episódio de “lamentável”.
Até o momento, ele continua como ministro do STF e não há nenhum processo oficial de sanção ou afastamento.
Ou seja: ele não saiu do Supremo — pelo menos, não por esse motivo.