Jorge Messias e Rodrigo Pacheco: os favoritos de Lula para o STF
O presidente avalia dois perfis distintos para a vaga aberta no Supremo: um técnico de carreira e um político com forte articulação institucional. Entenda quem são e o que pensam os cotados.
Com a aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso, uma nova vaga foi aberta no Supremo Tribunal Federal (STF), e o presidente Lula tem em mãos uma decisão que pode moldar os rumos da Corte pelos próximos anos. Entre os favoritos estão dois nomes que já circulam com força em Brasília: Jorge Messias, atual Advogado-Geral da União, e Rodrigo Pacheco, presidente do Senado Federal.
Jorge Messias: o técnico de carreira
Jorge Rodrigo Araújo Messias, nascido em 25 de fevereiro de 1980, é advogado e servidor público de carreira. Ele assumiu, em 2023, o cargo de Advogado-Geral da União no governo Lula. Antes disso, trabalhou como procurador da Fazenda Nacional desde 2007. Também teve passagem pelos ministérios da Educação, Ciência & Tecnologia, Casa Civil, e foi subchefe para Assuntos Jurídicos da Presidência no governo Dilma.
Messias é graduado em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e possui mestrado e doutorado em Desenvolvimento, Sociedade e Cooperação Internacional pela Universidade de Brasília (UnB).
Messias ficou também conhecido por um episódio curioso: em grampos divulgados durante a Operação Lava Jato, foi citado na transcrição como “Bessias” (erro de digitação ou pronúncia), e o apelido acabou viralizando na política. Ele sempre diz que este episódio foi usado fora de contexto para gerar confusão.
Pontos fortes de seu perfil:
Apontado como um nome de confiança do governo Lula, com perfil técnico e político alinhado.
Pode permanecer bastante tempo no STF, dada sua idade (seria jovem para padrões da Corte).
Boa bagagem administrativa e jurídica, pela carreira pública longa e diversificada.
Desafios e questionamentos:
A convivência com o governo pode gerar dúvidas sobre independência, ainda que muitos defensores afirmem que ele sabe separar atuação institucional de posição política.
O episódio do “Bessias” continua sendo lembrado, com críticas de quem o associa a artifícios de bastidor.
No bojo da especulação, ele enfrenta concorrência de outros nomes e precisa transitar bem no Senado para obter aprovação.
Rodrigo Pacheco: o político com trânsito institucional
Rodrigo Otávio Soares Pacheco nasceu em 1976 e é advogado e político. Ele é senador por Minas Gerais e já foi presidente do Senado. No Senado, teve várias votações de destaque: votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff, apoiou as reformas trabalhistas de 2017, e tem uma trajetória que mistura alianças amplas e perfil relativamente institucional.
Nos últimos meses, Pacheco tem movimentado bastidores para se posicionar como candidato viável ao STF. Há quem veja vantagem em sua indicação: ela poderia agradar tanto ao Legislativo quanto ao Judiciário, por seu trânsito em Brasília.
Forças do seu perfil:
Capacidade de articulação política — sendo senador e com relações em diversas alas do governo e da oposição.
Apoio declarado de figuras influentes: por exemplo, o ministro Gilmar Mendes já declarou apoio público a Pacheco para o STF.
Pode ser visto como escolha “institucional”, capaz de transitar entre poderes com menor aversão entre setores do Legislativo.
Desafios e ressalvas:
Indicar Pacheco ao STF pode enfraquecer o palanque do PT em Minas Gerais, estado estratégico nas eleições de 2026, já que ele poderia deixar o Senado para assumir o Supremo.
Seu suplente no Senado, Renzo Braz (PP-MG), é visto por alguns aliados como um risco político, por ter histórico de proximidade com o bolsonarismo — algo que é usado como argumento contra sua indicação.
Embora tenha trânsito político, críticos questionam se seu perfil é suficientemente técnico para decisões judiciais sensíveis, em comparação a juristas puros.
Comparando os dois caminhos
Técnico vs político: Messias tem percurso mais jurídico e institucional; Pacheco traz força política e articulação.
Independência vs lealdade: Um nome técnico como Messias tende a gerar expectativas maiores de neutralidade; Pacheco pode ser visto como mais politizado, o que pode pesar contra ou a favor, dependendo da leitura.
Aceitação no Senado: Para que o indicado ao STF ocupe o cargo, precisa passar por sabatina. Pacheco, sendo senador, pode ter vantagem no entendimento dos pares, mas também enfrentará questionamentos mais aguçados.
Impacto eleitoral e estratégico: A escolha não será apenas jurídica — terá peso político e eleitoral, especialmente para o Planalto e para alianças estaduais.