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Publicado: 13 de novembro de 2025 às 17:46

Inadimplência no agronegócio sobe para 8,1% no 2º trimestre de 2025, aponta Serasa Experian

Endividamento rural cresce pelo 3º ano seguido; custos altos, crédito caro e falta de CAR pressionam produtores familiares

A inadimplência no agronegócio brasileiro atingiu 8,1% no segundo trimestre de 2025, segundo o Índice de Inadimplência do Agronegócio da Serasa Experian, divulgado nesta quarta-feira (12). O levantamento, que considera 10,5 milhões de produtores rurais de todos os portes, mostra uma alta média de 1 ponto percentual ao ano desde 2022 – início da série histórica.

Embora o aumento em relação ao 1º trimestre (7,8%) tenha sido de apenas 0,3 p.p. – considerado estável pela Serasa –, o cenário aponta para uma deterioração contínua do endividamento rural, impulsionada por custos elevados de produção, oscilações nas cotações de commodities e crédito mais caro.

“O agronegócio enfrenta desafios de fluxo de caixa e endividamento acumulados nos últimos 3 a 4 anos. É uma piora lenta, mas contínua, que exige atenção e reestruturação”, avalia Marcelo Pimenta, head de agronegócio da Serasa Experian.

Regiões com maior inadimplência

O Norte do país concentra os piores índices, com Amapá (19,5%) e Amazonas (13,9%) liderando o ranking. Já o Sul, mesmo afetado por enchentes e secas desde 2021, registra os menores níveis: Rio Grande do Sul (4,9%) é o estado com menor inadimplência.

 

EstadoInadimplência (%)
Amapá19,5
Amazonas13,9
Rio Grande do Sul4,9

Agricultura familiar é a mais vulnerável

Produtores sem Cadastro Ambiental Rural (CAR) – como arrendatários e grupos familiares – apresentam o maior índice: 10,5%. A falta de regularização ambiental limita acesso a crédito e aumenta custos operacionais.

 

Porte do produtorInadimplência (%)
Sem CAR (arrendatários/familiares)10,5
Grandes produtores9,2
Médios produtores7,8
Pequenos produtores7,6

Grandes produtores, apesar do maior apetite por risco, têm taxas menores que os sem CAR devido a melhor acesso a linhas de crédito e maior capacidade de renegociação.

Metodologia

O índice considera:

  • Dívidas acima de R$ 1.000;
  • Atraso superior a 180 dias;
  • Até 5 anos de histórico;
  • Relacionadas a atividades do agronegócio (agroindústrias, revendas, serviços rurais).

Perspectivas e desafios

Com a Selic em patamar elevado e safra 2024/25 sob pressão climática, especialistas alertam para risco de aceleração da inadimplência no 2º semestre. A renegociação de dívidas via Pronaf e linhas emergenciais do BNDES será crucial para conter o avanço do endividamento, especialmente entre pequenos e médios produtores.