Inadimplência no agronegócio sobe para 8,1% no 2º trimestre de 2025, aponta Serasa Experian
Endividamento rural cresce pelo 3º ano seguido; custos altos, crédito caro e falta de CAR pressionam produtores familiares
A inadimplência no agronegócio brasileiro atingiu 8,1% no segundo trimestre de 2025, segundo o Índice de Inadimplência do Agronegócio da Serasa Experian, divulgado nesta quarta-feira (12). O levantamento, que considera 10,5 milhões de produtores rurais de todos os portes, mostra uma alta média de 1 ponto percentual ao ano desde 2022 – início da série histórica.
Embora o aumento em relação ao 1º trimestre (7,8%) tenha sido de apenas 0,3 p.p. – considerado estável pela Serasa –, o cenário aponta para uma deterioração contínua do endividamento rural, impulsionada por custos elevados de produção, oscilações nas cotações de commodities e crédito mais caro.
“O agronegócio enfrenta desafios de fluxo de caixa e endividamento acumulados nos últimos 3 a 4 anos. É uma piora lenta, mas contínua, que exige atenção e reestruturação”, avalia Marcelo Pimenta, head de agronegócio da Serasa Experian.
Regiões com maior inadimplência
O Norte do país concentra os piores índices, com Amapá (19,5%) e Amazonas (13,9%) liderando o ranking. Já o Sul, mesmo afetado por enchentes e secas desde 2021, registra os menores níveis: Rio Grande do Sul (4,9%) é o estado com menor inadimplência.
| Estado | Inadimplência (%) |
|---|---|
| Amapá | 19,5 |
| Amazonas | 13,9 |
| Rio Grande do Sul | 4,9 |
Agricultura familiar é a mais vulnerável
Produtores sem Cadastro Ambiental Rural (CAR) – como arrendatários e grupos familiares – apresentam o maior índice: 10,5%. A falta de regularização ambiental limita acesso a crédito e aumenta custos operacionais.
| Porte do produtor | Inadimplência (%) |
|---|---|
| Sem CAR (arrendatários/familiares) | 10,5 |
| Grandes produtores | 9,2 |
| Médios produtores | 7,8 |
| Pequenos produtores | 7,6 |
Grandes produtores, apesar do maior apetite por risco, têm taxas menores que os sem CAR devido a melhor acesso a linhas de crédito e maior capacidade de renegociação.
Metodologia
O índice considera:
- Dívidas acima de R$ 1.000;
- Atraso superior a 180 dias;
- Até 5 anos de histórico;
- Relacionadas a atividades do agronegócio (agroindústrias, revendas, serviços rurais).
Perspectivas e desafios
Com a Selic em patamar elevado e safra 2024/25 sob pressão climática, especialistas alertam para risco de aceleração da inadimplência no 2º semestre. A renegociação de dívidas via Pronaf e linhas emergenciais do BNDES será crucial para conter o avanço do endividamento, especialmente entre pequenos e médios produtores.
