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Publicado: 15 de novembro de 2025 às 09:23

Lula usa tragédia do tornado no Paraná em discurso na COP30, mas não visita o estado

Enquanto governador Ratinho Jr. lidera reconstrução rápida em Rio Bonito do Iguaçu, presidente envia ministros e prioriza agenda internacional

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mencionou o devastador tornado que atingiu Rio Bonito do Iguaçu (PR) em seu discurso de abertura da COP30, em Belém, na segunda-feira (10), mas optou por não visitar o estado, enviando em seu lugar a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e o ministro interino da Saúde, Adriano Massuda. A crítica à ausência de Lula ganha força em meio à ação rápida do governo paranaense, que já injetou R$ 10 milhões em reconstrução e planeja 320 novas moradias para vítimas. O episódio reacende debates sobre a priorização de agendas internacionais em detrimento de crises locais, comparado à demora em visitar Vinhedo (SP) após a queda de um avião em agosto de 2024, que matou 62 pessoas.

O tornado, ocorrido em 7 de novembro, destruiu quase 90% da infraestrutura da cidade de 8 mil habitantes, deixando sete mortos na região e desalojando milhares de famílias. O fenômeno, parte de uma série de instabilidades climáticas no Sul, também afetou Londrina, com quedas de energia em 15 mil domicílios e respostas municipais imediatas. Lula, em seu discurso, usou o caso para alertar sobre mudanças climáticas:

“A mudança do clima já não é uma ameaça do futuro, mas uma tragédia do presente. A COP30 será a COP da verdade”, declarou o presidente, ligando o evento a questões globais de sustentabilidade.

Resposta do Paraná: reconstrução em alta velocidade

O governador Carlos Massa Ratinho Jr. (PSD) mobilizou uma força-tarefa para mitigar os danos, contrastando com a percepção de lentidão federal. Medidas incluem:

 

AçãoDetalhesRecursos
Reconstrução do Colégio Estadual Ludovica SafraiderObras iniciadas imediatamente para reabertura em 2025R$ 10 milhões
Antecipação do 13º salárioPara 1,4 mil servidores municipais afetadosR$ 5 milhões
Auxílio habitacionalCartão Reconstrução e Voucher de Serviços para moradias e reparosAté R$ 50 mil/família
Programa Auxílio ParanáPagamento mensal por até 6 meses para famílias desalojadasR$ 1 mil/mês
Novas residênciasCohapar planeja 320 casas em áreas segurasOrçamento de R$ 50 milhões

Ratinho Jr. destacou a "parceria com o governo federal", mas cobrou mais agilidade. A ministra Gleisi, em visita ao local, anunciou repasses emergenciais, enquanto Massuda focou em saúde coletiva para vítimas.

Comparação com crises passadas: enchentes no RS e Vinhedo

A ausência de Lula em Rio Bonito ecoa críticas a respostas anteriores. Nas enchentes no Rio Grande do Sul (2023-2024), que mataram mais de 170 pessoas e desalojaram 600 mil, cidades como Canoas, Lajeado e Eldorado do Sul ficaram submersas por semanas. O governo federal foi acusado de demora em liberações de recursos, com Lula visitando o estado apenas após pressão pública. Em Vinhedo (SP), após a queda de um avião da Azul em agosto de 2024 (62 mortos), o presidente demorou 10 dias para ir ao local, priorizando compromissos no exterior.

Analistas veem um padrão: o Planalto usa tragédias para discursos internacionais, como na COP30, mas falha em visitas presenciais que simbolizam solidariedade. O governo rebate, afirmando que "ações concretas falam mais que fotos", com R$ 2 bilhões já repassados ao Paraná via Ministério da Integração.

“Enquanto Lula discursa em Belém, o Paraná reconstrói sozinho. A tragédia é local, mas a resposta federal parece distante”, critica Augusto Nunes, colunista da Revista Oeste.

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) alerta para mais ciclones no Sul até o fim de novembro, reforçando a urgência de coordenação entre União, estados e municípios.