Venezuela dá ultimato de 48 horas a companhias aéreas: retome voos ou perca direitos de operação no país
Medida do regime Maduro responde a suspensão de rotas após alerta de risco da FAA dos EUA; Iata critica impacto na conectividade, enquanto Iberia, Gol e Avianca cancelam voos até dezembro
O governo venezuelano emitiu um ultimato de 48 horas a companhias aéreas internacionais para retomar voos ao país, sob pena de perda permanente de direitos de operação no território nacional. O anúncio, feito nesta segunda-feira (24) pelo Instituto Nacional de Aeronáutica Civil (INAC), reage à suspensão de rotas por várias empresas após alerta de "situação potencialmente perigosa" no espaço aéreo venezuelano, emitido na sexta-feira (21) pela Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA). A medida, que eleva o risco para "máximo" (classe Kilo), cita o aumento de presença militar na região, incluindo forças americanas no Caribe, e pode isolar ainda mais a Venezuela, já uma das nações menos conectadas da América Latina.
A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), que representa cerca de 350 companhias, condenou a determinação como "contraprodutiva", alertando que agravará o isolamento aéreo do país. O Ministério da Informação de Nicolás Maduro não comentou o assunto até o momento.
“Essa medida reduzirá ainda mais a conectividade com a Venezuela, que já é um dos países menos conectados da região”, afirmou a Iata, em nota à Reuters, destacando o impacto em rotas essenciais para comércio e turismo.
Companhias afetadas: suspensões até dezembro e rotas para Caracas em xeque
Várias aéreas interromperam operações nos últimos dias, citando riscos de segurança. Veja as principais:
| Companhia | País | Suspensão | Detalhes |
|---|---|---|---|
| Iberia | Espanha | Até 1º de dezembro | Rotas Madri-Caracas; grupo IAG afetado |
| Air Europa | Espanha | Indefinida, "até condições permitirem" | Cinco voos semanais Madri-Caracas; Plus Ultra também para |
| Gol | Brasil | 25 e 26 de novembro | Voos diretos para Caracas cancelados |
| Avianca | Colômbia | Indefinida | Rotas regionais suspensas |
| TAP Air Portugal | Portugal | Indefinida | Conexões Europa-Venezuela afetadas |
| Turkish Airlines | Turquia | Até 28 de novembro | Voos internacionais para Caracas em pausa |
Essas suspensões isolam Caracas, com o Aeroporto Internacional Maiquetía operando abaixo de 20% da capacidade pré-pandemia.
Contexto do alerta: tensões EUA-Venezuela e presença militar no Caribe
O NOTAM (Notificação aos Aviadores) da FAA, emitido em 21 de novembro, eleva o risco para "máximo" devido a "agravamento da situação de segurança" e "aumento da presença militar" na Venezuela e áreas adjacentes. A região registra concentração de forças americanas: o porta-aviões USS Gerald R. Ford, o maior da Marinha dos EUA, oito navios de guerra e caças F-35 operam no Caribe, intensificando tensões bilaterais. Maduro acusa Washington de "cerco imperialista", enquanto Trump impôs sanções recentes ao regime por narcotráfico.
A Venezuela, sob Maduro desde 2013, já enfrenta isolamento aéreo: rotas internacionais caíram 70% desde 2019, segundo a Iata. O INAC, controlado pelo regime, vê nas suspensões uma "conspiração externa" e ameaça revogar concessões de pouso e decolagem.
A Iata cobra diálogo para restabelecer confiança, mas sem resposta oficial de Caracas até o momento.
