Correios acumulam rombo de R$ 6 bilhões em 2025: economista questiona se é
Estatal tem 13º trimestre consecutivo no vermelho, com despesas administrativas subindo 53,5%; Planalto planeja empréstimo de R$ 20 bilhões para reestruturação, mas críticos veem incapacidade gerencial
Os Correios registraram prejuízo de R$ 6 bilhões de janeiro a outubro de 2025, o pior resultado das estatais federais desde 2002, com um déficit total de R$ 6,35 bilhões no período. O rombo, impulsionado por queda de 12,7% na receita (para R$ 12,3 bilhões) e alta de 53,5% nas despesas gerais e administrativas (de R$ 3,1 bilhões para R$ 4,8 bilhões), marca o 13º trimestre consecutivo no vermelho. O economista Alexandre Bertoncello atribuiu a crise à "incapacidade gerencial" e questionou se o governo Lula apoia o problema por "cumplicidade ou burrice", em entrevista ao Jornal da Oeste. O Planalto planeja captar R$ 20 bilhões em empréstimos para reestruturação, mas projeções internas indicam perdas de até R$ 10 bilhões até dezembro e R$ 23 bilhões em 2026, sem mudanças estruturais.
O Ministério do Planejamento bloqueou R$ 3 bilhões do Orçamento para conter o déficit, enquanto o governo busca aprovação do Conselho dos Correios para o empréstimo, garantido pela União. A alta em precatórios (R$ 2,1 bilhões em 2025, contra R$ 483 milhões em 2024) e juros de empréstimos recentes (R$ 157 milhões) agravam o quadro.
“É cumplicidade ou burrice? Os Correios estão deficitários por incapacidade gerencial, e o governo continua a apoiar essa incapacidade”, disse Bertoncello, alertando para risco de insolvência nacional: “Um país que gasta mais com dívidas do que com educação ou saúde está fadado a quebrar.”
Causa do rombo: despesas fora de controle e receita em queda
A estatal, responsável por logística postal e encomendas, enfrenta desafios como concorrência de apps de delivery e custos operacionais elevados. As despesas subiram 53,5% devido a precatórios e juros de empréstimos contratados entre dezembro de 2024 e junho de 2025. A receita caiu 12,7%, impactada por menor volume de correspondências e atrasos em pagamentos.
| Indicador | 2024 (janeiro-outubro) | 2025 (janeiro-outubro) | Variação |
|---|---|---|---|
| Receita operacional | R$ 14,1 bilhões | R$ 12,3 bilhões | -12,7% |
| Despesas gerais e administrativas | R$ 3,1 bilhões | R$ 4,8 bilhões | +53,5% |
| Precatórios | R$ 483 milhões | R$ 2,1 bilhões | +334% |
| Juros de empréstimos | Não informado | R$ 157 milhões | Novo custo |
| Déficit das estatais federais | Não informado | R$ 6,35 bilhões | Pior desde 2002 |
O Ministério da Fazenda admitiu que os números ficaram "muito distantes do projetado" e "incomodam" o governo, com o secretário executivo Dario Durigan destacando a necessidade de reestruturação.
Reações: críticas à gestão e plano de R$ 20 bilhões
Bertoncello criticou a insistência em gestão política: "O governo apoia essa incapacidade, ignorando reformas". A nova administração busca empréstimo de R$ 20 bilhões, aprovado pelo Conselho dos Correios, para modernização, mas sem cortes profundos em despesas. O Ipea alerta para risco fiscal, com estatais consumindo 20% do orçamento federal.
O governo Lula promete auditoria externa, mas opositores veem populismo. Atualizações virão com o balanço de dezembro.
