Filhos de Jair Bolsonaro colidem com Michelle após crítica dela ao PL no Ceará: "Atropelada ao pai"
Ex-primeira-dama chama aliança com Ciro Gomes de "precipitada" em comício; Flávio, Carlos e Eduardo rebatem como "desrespeito" à liderança de Jair, que autorizou o acordo; tensão expõe divisões na direita pré-2026
Uma colisão familiar explodiu no clã Bolsonaro após a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro criticar publicamente uma articulação do Partido Liberal (PL) para aliar-se ao ex-governador Ciro Gomes (PDT) na disputa ao Senado pelo Ceará em 2026. Durante um comício em Fortaleza no domingo (30), Michelle apontou para o deputado federal André Fernandes (PL-CE), responsável pelo acordo, e chamou a aliança de "precipitada", dizendo que era "contra o maior líder da direita". Os filhos de Jair Bolsonaro – Flávio (senador, PL-RJ), Carlos (vereador, Republicanos-RJ) e Eduardo (deputado, PL-SP) – reagiram com críticas à intervenção de Michelle, acusando-a de "atropelar" o pai, que havia autorizado o movimento em reunião de maio. O episódio, em meio à prisão preventiva de Jair desde 22 de novembro, expõe fissuras na família e no PL, enfraquecendo a unidade da direita para 2026.
A crítica de Michelle ocorreu em um evento evangélico, onde ela elogiou Fernandes, mas questionou a aliança com Ciro – adversário de Jair nas eleições de 2022. A reação dos filhos veio em postagens no X (antigo Twitter) e entrevistas, destacando desrespeito à liderança do ex-presidente.
“A Michelle atropelou o presidente Bolsonaro, que havia autorizado o movimento do deputado André Fernandes no Ceará. A forma como ela se dirigiu a ele foi autoritária e constrangedora”, disse Flávio ao portal Metrópoles.
O que aconteceu: comício de Michelle e reações dos filhos
Michelle Bolsonaro participou de um comício evangélico em Fortaleza no domingo (30), onde elogiou Fernandes como "orgulho do Ceará", mas criticou a aliança com Ciro Gomes:
“É sobre isso. É sobre essa aliança que vocês se precipitaram a fazer. Eu tenho orgulho de vocês, mas fazer aliança com o homem que é contra o maior líder da direita, assim não dá.”
A fala veio após a reunião de 29 de maio de 2025, em que Jair Bolsonaro, por viva-voz, autorizou o acordo com Ciro, com participação de Valdemar Costa Neto (presidente do PL) e Carlos Bolsonaro. André Fernandes confirmou o aval do ex-presidente.
Reações dos filhos:
- Flávio Bolsonaro: Chamou de "atropelada" e "autoritária", dizendo que Michelle desrespeitou a decisão de Jair.
- Carlos Bolsonaro: Repostou Flávio e reforçou: "Meu irmão está certo. Temos que estar unidos e respeitando a liderança do meu pai, sem deixar nos levar por outras forças!".
- Eduardo Bolsonaro: Entrou quase uma hora depois: "Foi injusto e desrespeitoso com o André o que foi feito no evento. Não vou entrar no mérito de ser um bom ou mau acordo; foi uma posição definida pelo meu pai."
Jair Renan, caçula, repostou Carlos, ampliando a divisão.
Resposta de André Fernandes: "Eu não falaria isso em hipótese alguma. Mas, já que a esposa do presidente diz que demos um passe errado, então digo que é uma aliança precipitada do próprio marido dela."
Implicações para 2026: fissuras na direita e estratégia do PL no Ceará
O episódio revela tensões no clã Bolsonaro, com Michelle – figura evangélica forte – questionando alianças pragmáticas do PL para 2026. Ciro Gomes, crítico de Jair, é aliado no Ceará para fortalecer o PL local contra o PT. A colisão pode enfraquecer a unidade da direita, especialmente com Jair preso e Michelle como possível vice de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP).
O PL, via Valdemar Costa Neto, minimizou: "Disagregações familiares acontecem, mas o foco é na eleição". Analistas veem risco para a estratégia nacional, com o Ceará como termômetro para o Senado.
Atualizações virão com respostas de Michelle ou Jair, se autorizada visita na prisão.
