Setor Industrial da China Encolhe pelo 8º Mês Consecutivo: PMI em 49,2 Puxa Preocupações Globais
Índice de Gerentes de Compras fica abaixo de 50 pela oitava vez seguida; produção neutra, mas novos pedidos e emprego em contração sinalizam demanda fraca
O setor industrial da China registrou retração pelo oitavo mês consecutivo em novembro de 2024, com o Índice de Gerentes de Compras (PMI) marcando 49,2 pontos – um leve aumento de 0,2 em relação a outubro, mas ainda abaixo de 50, sinalizando contração contínua. Os dados oficiais, divulgados pelo governo chinês, revelam um quadro misto: produção neutra (50 pontos), prazos de entrega em leve expansão (50,1), mas novos pedidos (49,2), emprego (48,4) e inventários de matérias-primas (47,3) em declínio acentuado. A manufatura, que representa 25% do PIB chinês e quase 30% da produção fabril global (US$ 4,6 trilhões em 2024), enfrenta demanda interna fraca e estoques excessivos, pressionando a "grande fábrica do mundo" e ameaçando cadeias de suprimentos internacionais.
O PMI, calculado com base em cinco critérios (produção, pedidos, inventários, emprego e prazos), confirma uma estagnação persistente, com riscos de desaceleração econômica no gigante asiático. Analistas globais veem o resultado como alerta para o comércio mundial, especialmente para exportadores de commodities ao mercado chinês.
“A contração prolongada no PMI reflete uma demanda interna anêmica e excesso de estoque, com impactos que podem se espalhar para o comércio global. A China, com 30% da manufatura mundial, não pode ignorar esses sinais”, alertou Li Wei, economista do Instituto de Economia Mundial de Pequim, em análise ao South China Morning Post.
Dados do PMI: contração generalizada, com exceção nos prazos
O PMI de novembro mostra um setor industrial em território negativo pela oitava vez seguida, o pior período desde 2020. Enquanto prazos de entrega indicam leve melhora na cadeia de suprimentos, os outros componentes sinalizam fraqueza operacional.
| Componente do PMI | Novembro 2024 | Outubro 2024 | Variação | Interpretação |
|---|---|---|---|---|
| PMI Geral | 49,2 | 49,0 | +0,2 | Contração contínua (abaixo de 50) |
| Produção | 50,0 | 49,8 | +0,2 | Neutro (sem expansão) |
| Novos Pedidos | 49,2 | 48,9 | +0,3 | Contração (demanda fraca) |
| Emprego | 48,4 | 48,1 | +0,3 | Contração (cortes de vagas) |
| Inventários de Matérias-Primas | 47,3 | 47,0 | +0,3 | Forte contração (excesso de estoque) |
| Prazos de Entrega | 50,1 | 49,9 | +0,2 | Leve expansão (melhora logística) |
Os dados, baseados em pesquisa com gerentes de compras de 3 mil empresas, confirmam uma manufatura em estagnação, com riscos de recessão se o PMI não ultrapassar 50 em dezembro.
Causas da retração: demanda interna fraca e estoques excessivos
A contração reflete uma combinação de fatores internos e externos: demanda doméstica anêmica, impulsionada por crise imobiliária e desemprego jovem (15% em 2024), e excesso de inventários de matérias-primas (47,3 pontos, pior resultado). Novos pedidos em queda (49,2) indicam exportações estagnadas, afetadas por tarifas americanas e desaceleração europeia. O emprego, em 48,4, sugere cortes de vagas, agravando o consumo interno.
O governo chinês minimiza os números, atribuindo-os a "flutuações sazonais", mas analistas como Wei apontam para falhas estruturais: dívida local acima de 300% do PIB e investimentos em infraestrutura em queda de 5% em 2024.
Impactos globais: risco para cadeias de suprimentos e comércio
Como "fábrica do mundo", a China responde por 30% da produção fabril global (US$ 4,6 trilhões em 2024), e sua retração pode frear o crescimento mundial em 0,5 ponto percentual, segundo o FMI. Países dependentes de exportações chinesas, como Austrália (minério) e Brasil (soja), enfrentam pressões. O PMI abaixo de 50 por oito meses sinaliza risco de deflação, com estoques elevados pressionando preços.
O Banco Popular da China (Banco Central) planeja injeções de liquidez de R$ 1 trilhão em dezembro para estimular a manufatura. Atualizações virão com o PMI de dezembro, em 31 de dezembro.
