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Publicado: 02 de dezembro de 2025 às 09:26

Setor Industrial da China Encolhe pelo 8º Mês Consecutivo: PMI em 49,2 Puxa Preocupações Globais

Índice de Gerentes de Compras fica abaixo de 50 pela oitava vez seguida; produção neutra, mas novos pedidos e emprego em contração sinalizam demanda fraca

O setor industrial da China registrou retração pelo oitavo mês consecutivo em novembro de 2024, com o Índice de Gerentes de Compras (PMI) marcando 49,2 pontos – um leve aumento de 0,2 em relação a outubro, mas ainda abaixo de 50, sinalizando contração contínua. Os dados oficiais, divulgados pelo governo chinês, revelam um quadro misto: produção neutra (50 pontos), prazos de entrega em leve expansão (50,1), mas novos pedidos (49,2), emprego (48,4) e inventários de matérias-primas (47,3) em declínio acentuado. A manufatura, que representa 25% do PIB chinês e quase 30% da produção fabril global (US$ 4,6 trilhões em 2024), enfrenta demanda interna fraca e estoques excessivos, pressionando a "grande fábrica do mundo" e ameaçando cadeias de suprimentos internacionais.

O PMI, calculado com base em cinco critérios (produção, pedidos, inventários, emprego e prazos), confirma uma estagnação persistente, com riscos de desaceleração econômica no gigante asiático. Analistas globais veem o resultado como alerta para o comércio mundial, especialmente para exportadores de commodities ao mercado chinês.

“A contração prolongada no PMI reflete uma demanda interna anêmica e excesso de estoque, com impactos que podem se espalhar para o comércio global. A China, com 30% da manufatura mundial, não pode ignorar esses sinais”, alertou Li Wei, economista do Instituto de Economia Mundial de Pequim, em análise ao South China Morning Post.

Dados do PMI: contração generalizada, com exceção nos prazos

O PMI de novembro mostra um setor industrial em território negativo pela oitava vez seguida, o pior período desde 2020. Enquanto prazos de entrega indicam leve melhora na cadeia de suprimentos, os outros componentes sinalizam fraqueza operacional.

 

Componente do PMINovembro 2024Outubro 2024VariaçãoInterpretação
PMI Geral49,249,0+0,2Contração contínua (abaixo de 50)
Produção50,049,8+0,2Neutro (sem expansão)
Novos Pedidos49,248,9+0,3Contração (demanda fraca)
Emprego48,448,1+0,3Contração (cortes de vagas)
Inventários de Matérias-Primas47,347,0+0,3Forte contração (excesso de estoque)
Prazos de Entrega50,149,9+0,2Leve expansão (melhora logística)

Os dados, baseados em pesquisa com gerentes de compras de 3 mil empresas, confirmam uma manufatura em estagnação, com riscos de recessão se o PMI não ultrapassar 50 em dezembro.

Causas da retração: demanda interna fraca e estoques excessivos

A contração reflete uma combinação de fatores internos e externos: demanda doméstica anêmica, impulsionada por crise imobiliária e desemprego jovem (15% em 2024), e excesso de inventários de matérias-primas (47,3 pontos, pior resultado). Novos pedidos em queda (49,2) indicam exportações estagnadas, afetadas por tarifas americanas e desaceleração europeia. O emprego, em 48,4, sugere cortes de vagas, agravando o consumo interno.

O governo chinês minimiza os números, atribuindo-os a "flutuações sazonais", mas analistas como Wei apontam para falhas estruturais: dívida local acima de 300% do PIB e investimentos em infraestrutura em queda de 5% em 2024.

Impactos globais: risco para cadeias de suprimentos e comércio

Como "fábrica do mundo", a China responde por 30% da produção fabril global (US$ 4,6 trilhões em 2024), e sua retração pode frear o crescimento mundial em 0,5 ponto percentual, segundo o FMI. Países dependentes de exportações chinesas, como Austrália (minério) e Brasil (soja), enfrentam pressões. O PMI abaixo de 50 por oito meses sinaliza risco de deflação, com estoques elevados pressionando preços.

O Banco Popular da China (Banco Central) planeja injeções de liquidez de R$ 1 trilhão em dezembro para estimular a manufatura. Atualizações virão com o PMI de dezembro, em 31 de dezembro.