Primeira fotógrafa negra da Bahia comemora 50 anos de trajetória com mostra de retratos icônicos de Gil, Gal, Caetano, Bethânia e Milton
Com um olhar sensível e histórico, a fotógrafa retrata figuras emblemáticas da MPB em uma exposição que celebra sua contribuição à arte e à fotografia.
Aos 72 anos, Lita Cerqueira se destaca como uma das primeiras mulheres negras a se dedicar à fotografia no Brasil, sendo considerada pioneira nesse campo na Bahia. Ao longo de cinco décadas de uma carreira repleta de significados, Lita construiu um vasto acervo, com mais de 50 mil imagens que capturam de maneira única a cultura, as lutas, e as alegrias do povo negro brasileiro. Com seu olhar sensível e profundo, ela documentou a essência da vida cotidiana nas ruas, além de momentos marcantes de figuras importantes da música e da arte brasileira.
A partir desta quarta-feira (23), uma parte significativa desse extenso acervo será exibida na CAIXA Cultural Salvador, localizada na Rua Carlos Gomes, no centro da cidade. A exposição será inaugurada na terça-feira (22), com uma vernissage às 19h. A mostra ficará aberta ao público até o dia 29 de dezembro, funcionando de segunda a sábado, das 9h às 17h30, com entrada gratuita e classificação livre, permitindo que visitantes de todas as idades explorem o trabalho icônico da fotógrafa.
A exposição é composta por uma rica variedade de fotografias em preto e branco, que não só retratam a diversidade cultural do Brasil, mas também servem como um testemunho visual das transformações sociais, políticas e culturais ocorridas nas últimas décadas do século XX e no início do XXI. Lita Cerqueira apresenta registros que vão desde cenas da infância nas ruas de Salvador, refletindo o cotidiano do povo negro, até retratos intimistas de grandes nomes da música popular brasileira, como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia e Milton Nascimento.
Mais recentemente, Lita também foi responsável por capturar dois retratos especiais que ilustram a capa do livro autobiográfico "Preta Gil: Os primeiros 50 anos". Esses retratos mostram a trajetória da cantora ao longo de sua vida, com uma imagem da artista em 1978, ainda menina, e outra em 2024, já mulher, criando um elo visual entre o passado e o presente. A dedicação e a paixão de Lita pela fotografia não apenas a tornaram uma das grandes referências do setor, mas também uma narradora visual da história e da cultura negra no Brasil.