Austrália adota lei que proíbe redes sociais para menores de 16 anos
A Austrália aprovou uma lei histórica que proíbe o acesso de menores de 16 anos às redes sociais. Após um acalorado debate.
Nesta quinta-feira (28), a Austrália aprovou uma lei histórica que proíbe o acesso de menores de 16 anos às redes sociais. Após um acalorado debate no parlamento, o país introduziu uma das regulamentações mais rigorosas já aplicadas a grandes empresas de tecnologia, estabelecendo-se como referência de direito internacional no setor. A nova lei exige que gigantes como a Meta – dona do Facebook e do Instagram – e o TikTok impeçam o acesso de crianças às suas plataformas. Para conseguir isso, as empresas terão de implementar procedimentos de verificação de idade e estarão sujeitas a multas que poderão chegar a 32 milhões de dólares caso não cumpram.
De acordo com o governo australiano, a medida foi motivada por preocupações crescentes sobre a saúde mental, a segurança e a privacidade dos jovens, que são frequentemente expostos a conteúdos nocivos e exploradores online. “Priorizamos a proteção dos jovens e enviamos uma mensagem clara às grandes empresas tecnológicas: as regras do jogo mudaram”, afirmou o ministro das Comunicações.
Um período experimental terá início em janeiro de 2024 para permitir que as empresas adaptem os seus sistemas e métodos para cumprir a nova lei. A proibição geral entrará em vigor dentro de um ano, dando às empresas de tecnologia tempo para implementar as mudanças necessárias. Especialistas dizem que a decisão da Austrália pode influenciar outros países a tomar medidas semelhantes, especialmente à medida que os debates internacionais se intensificam sobre o impacto das redes sociais nos jovens. Para muitos, o projeto de lei representa um passo importante no esforço global para responsabilizar os gigantes da tecnologia pelo seu papel na sociedade.
Precedente global
A idade mínima para acessar sites de redes sociais foi ultrapassada, colocando a Austrália na vanguarda de iniciativas que poderiam impactar muitos países ao redor do mundo. Vários governos analisaram leis semelhantes à medida que crescem as preocupações sobre o impacto das redes sociais na saúde mental dos jovens. A França e alguns estados dos EUA aprovaram leis que restringem o acesso a crianças sem o consentimento dos pais. No entanto, a lei australiana vai um passo além e proíbe completamente o uso de crianças menores de 16 anos. Além disso, a Flórida está considerando proibir seguros para menores de 14 anos, endurecendo práticas e procedimentos.
Vitória para Anthony Albanese
A aprovação da lei também representa uma importante conquista política para o primeiro-ministro Anthony Albanese, do partido de centro-esquerda, em um momento em que ele enfrenta desafios nas pesquisas de opinião e se prepara para as eleições de 2025. Apesar de enfrentar resistência de defensores da privacidade e de algumas organizações de direitos infantis, a medida conta com amplo apoio popular: 77% da população australiana se mostrou favorável à regulamentação, segundo pesquisas recentes. O contexto é de crescente atrito entre o governo australiano e as grandes empresas de tecnologia. A Austrália já havia se destacado anteriormente ao obrigar plataformas de mídia social a pagar royalties à mídia local pelo compartilhamento de conteúdos jornalísticos. Agora, o governo aumenta a pressão ao estabelecer multas para plataformas que não eliminarem golpes e fraudes em seus sistemas.
Caso YouTube
Os heróis afetados pela nova lei incluem Meta (dono do Facebook e Instagram), TikTok e X (antigo Twitter). No entanto, o YouTube, de propriedade do Google, não estará isento de restrições porque é usado em escolas. No entanto, empresas como o Google e outros gigantes da tecnologia pediram mais tempo para se adaptarem à nova lei. Sunita Bose, diretora-gerente do Digital Industries Group, que representa muitas empresas de mídia social, criticou a implementação precipitada da lei. “Colocamos a carroça na frente dos bois. “Temos o texto da lei, mas não recebemos uma orientação clara do governo australiano sobre o processo de aprovação da idade necessário para cumprir a lei”, disse Bose à Reuters numa entrevista a um novo capítulo e ao debate internacional sobre o papel da lei. a liberdade digital na tecnologia digital poderia criar um modelo para os países que procuram melhorar a liberdade digital e proteger os jovens.