Com crescimento de 150% em 2024, Embraer mostra potencial para manter o ritmo
Empresa revela planos ambiciosos para o futuro, enquanto os números impressionam e superam expectativas no setor aeroespacial.
A bolsa brasileira não teve o desempenho esperado em 2024, caindo 10%, impossibilitando a Embraer de se firmar no mercado. A fabricante de aeronaves é a maior ostentadora de todas as ações do Ibovespa, com um crescimento impressionante de 150% no ano. Apesar do crescimento significativo, os especialistas acreditam que não há sinais de desaceleração da empresa, uma vez que a sua estratégia é bem-sucedida e que fatores geopolíticos, como o aumento dos conflitos militares, deverão ser mais favoráveis aos seus negócios. Hayson Silva, analista da Nova Futura Investimentos, comentou: “Se continuar assim e começar a pagar dividendos (o que não acontece desde 2019), a Embraer tem um valor de liberação e um enorme potencial de valorização adicional”.
Vitória após o caos
Assim como muitas empresas do setor de viagens, a Embraer foi afetada pela crise do coronavírus, caindo 41,7% em 2020 e 21,7% em 2019. No entanto, a empresa recuperou fortemente: cresceu 50% em 2021, mas enfrentou uma nova queda de 18,7% em 2022. As taxas de crescimento de 64,1% e 150% em 2023 e 2024, respectivamente, devem-se a decisões estratégicas tomadas durante a epidemia. Antes da crise do coronavírus, a Boeing, uma das maiores rivais da Embraer, enfrentava uma crise de confiança após dois acidentes envolvendo suas aeronaves 737 MAX. Isto levou a uma crise prolongada que foi agravada pela pandemia, afetando a sua cadeia de abastecimento e prejudicando a reputação dos seus produtos. Este é o quadro básico para a ascensão da Embraer, que tem beneficiado da crescente procura por aeronaves comerciais e militares, embora não produza aeronaves de grande porte.
Expansão e desempenho sólido
A Embraer tem sua maior carteira de pedidos em nove anos, com pedidos atingindo US$ 22,7 bilhões no terceiro trimestre de 2024, um aumento de 33% em relação ao ano anterior. O acordo inclui acordos com American Airlines, Luxair e aeronaves militares eslovacas e suecas. Além disso, o fortalecimento de sua presença nos Estados Unidos e a redução dos preços reais também beneficiaram a Embraer, uma vez que seus custos são em reais, enquanto a maior parte de suas receitas é em dólares norte-americanos, gerando assim um fluxo de caixa significativo.
Uma estratégia de sucesso e um futuro promissor
A empresa está preparada para atender à crescente demanda por aeronaves por meio de uma reestruturação eficaz e de investimentos significativos. O apoio do BNDES tem sido fundamental, fornecendo US$ 2,2 bilhões em financiamento para a produção de aeronaves comerciais e equipamentos adicionais para modernização e exportação. O fortalecimento do balanço financeiro da Embraer e as previsões de receita estável nos próximos anos levaram os avaliadores de risco a elevar a empresa ao grau de investimento com perspectiva positiva. Embora os preços atuais estejam acima da média dos últimos 10 anos, os analistas estão otimistas quanto à provável valorização da Embraer, apontando para um crescimento contínuo, especialmente no segmento de jatos executivos dos EUA. BTG Pactual, Itaú BBA e J.P. Bank Morgan recomendam a compra dessas ações, prevendo crescimento de até 40% nos próximos 12 meses. A segurança está no topo da lista, com aumento de vendas de 40%, e a Eve, empresa especializada em veículos elétricos de decolagem e pouso (eVTOL), é considerada uma importante fonte de criação de valor. A aeronave KC-390 também deverá ser importante para o crescimento da empresa. O aumento da distribuição desse modelo tem potencial para aumentar a receita no segmento de defesa e segurança, o que fortalecerá ainda mais a posição da Embraer no mercado global. Embora o início de 2025 seja difícil para o Ibovespa, tudo indica que a Embraer continuará sua jornada rumo ao sucesso, independentemente dos obstáculos que surgirem.