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Publicado: 06 de janeiro de 2025 às 10:59

Perspectivas econômicas da Argentina para 2025: O que os investidores precisam saber

Desafios e oportunidades: O que está por trás das projeções para a economia Argentina em 2025

A cada ano, com a imparcialidade característica da sua abordagem, a revista The Economist elege o "país do ano", aquele que se destacou por motivos econômicos ou políticos seguindo os princípios liberais da publicação. Em 2024, o título foi concedido a Bangladesh, pela sua recuperação democrática, mas a Argentina também figurou entre os principais concorrentes. O motivo para esse destaque é claro: a Argentina se tornou um novo foco de atenção para os investidores internacionais a partir do último trimestre de 2024. O índice S&P Merval teve um crescimento impressionante de 114,9% em dólares no ano, impulsionado por uma forte recuperação econômica. Esse desempenho não só foi o melhor do mundo, mas também o maior aumento desde 2003, quando o índice havia registrado uma alta de 134,14%, de acordo com um estudo da consultoria Elos Ayta, que analisou 21 índices globais. Esse crescimento foi alimentado pela expectativa de que a economia argentina, após dois anos de recessão, possa crescer novamente em 2025. Economistas consultados pela Reuters preveem um crescimento de 3,5% do PIB, após quedas de 1,6% em 2023 e 3,7% em 2024. Além disso, a inflação, que em 2024 alcançou 222%, deve cair para 53%, o que ajudaria a estimular o consumo e impulsionar a recuperação. A perspectiva de um aumento nos investimentos privados também está no radar, com os mercados financeiros esperançosos pelas propostas de desregulamentação do presidente Javier Milei. A Reuters projeta que os investimentos externos possam atingir US$ 15 bilhões (R$ 93 bilhões) em 2025 e alcançar US$ 16,5 bilhões (R$ 102,3 bilhões) em 2026, impulsionados por mudanças regulatórias que facilitarão as exportações e o acesso das empresas à moeda forte.

Desafios e Apostas de Milei O otimismo dos investidores se baseia nas reformas econômicas que Milei implementou. Quando assumiu, o país enfrentava uma grave crise econômica, com a inflação fora de controle, reservas cambiais negativas e um déficit fiscal insustentável. Segundo Guido Sandleris, ex-presidente do Banco Central da Argentina, Milei "identificou corretamente os problemas reais do país: inflação, desequilíbrio fiscal, captura política e corrupção", o que se refletiu em sua abordagem agressiva para cortar gastos e desregulamentar a economia.

Apesar de liderar um governo com apoio político limitado e uma minoria no Congresso, Milei conseguiu implementar cortes orçamentários significativos e avançar com reformas que buscam reverter os problemas fiscais do país.

Acordo com o FMI e Perspectivas de 2025 Um dos maiores desafios de 2025 será o gerenciamento da dívida externa, que inclui cerca de US$ 40 bilhões (R$ 186 bilhões) devidos ao FMI. As negociações para reestruturar a dívida devem ser um ponto crucial, e Milei acredita que a proximidade com o futuro presidente dos EUA, Donald Trump, pode influenciar positivamente as negociações. De acordo com o senador republicano Marco Rubio, os Estados Unidos poderiam utilizar sua influência no FMI para ajudar a reestruturar a dívida argentina, criando condições para que o país implemente as reformas necessárias.

Outro desafio importante será o controle cambial, conhecido como "cepo", que restringe o acesso dos investidores ao mercado argentino. Embora a remoção do cepo possa estimular o crescimento e atrair mais investimentos, também pode causar uma maior desvalorização do peso e uma aceleração da inflação, o que o governo provavelmente evitará até as eleições de outubro de 2025.

Ano Eleitoral e Compromissos Financeiros Em 2025, a Argentina enfrentará a necessidade de honrar pesados compromissos financeiros com credores internacionais. A combinação de controles cambiais, que dificultam a atração de investimentos, e a necessidade de cortar ainda mais os gastos públicos será especialmente difícil em um ano eleitoral. Se o FMI não oferecer mais recursos, a Argentina poderá ter que recorrer a soluções drásticas para pagar suas dívidas, o que pode diminuir rapidamente o otimismo dos investidores. Embora as expectativas sejam de recuperação econômica, 2025 será um ano decisivo para a Argentina, com uma série de desafios que exigirão cautela por parte dos investidores.