A inteligência artificial vai mesmo substituir empregos em hotéis?
Especialistas mostram que, apesar dos avanços da tecnologia, nada supera o toque humano na arte de receber bem.
Nos últimos anos, a inteligência artificial deixou de ser um tema de filmes futuristas e passou a estar cada vez mais presente no nosso dia a dia. Ela aparece em aplicativos de mensagens, ajuda no atendimento ao cliente, organiza reservas de passagens, permite check-in automático e até atua nos bastidores de grandes hotéis. Essa presença tão marcante levanta uma dúvida comum: será que a IA vai substituir os empregos no setor hoteleiro?
A preocupação é legítima. Quem nunca viu notícias sobre robôs recepcionistas no Japão ou aplicativos que cuidam de toda a estadia sem que você precise conversar com ninguém? É natural que isso cause um certo frio na barriga, especialmente para quem trabalha com hospitalidade. Mas a realidade, segundo especialistas em turismo e tecnologia, é menos assustadora do que parece.
A verdade é que a inteligência artificial está muito mais próxima de ser uma parceira do que uma ameaça. Imagine chegar em um hotel após uma longa viagem, cansado, com fome, só querendo um banho e uma cama. Nesse momento, fazer o check-in pelo celular em poucos segundos pode ser um alívio enorme. Mas e quando você precisa de uma recomendação especial para jantar, ou quando seu voo atrasou e você precisa de alguém que entenda a sua urgência? Nesses casos, nenhuma máquina substitui o cuidado humano.
É por isso que os especialistas preferem falar em transformação, e não em substituição. As funções repetitivas, burocráticas e mecânicas podem ser automatizadas sem grandes perdas. Confirmar reservas, responder perguntas simples sobre horário do café da manhã ou informar se há estacionamento disponível são tarefas que um sistema faz com eficiência. O que sobra para os profissionais é a parte mais valiosa: cuidar da experiência do hóspede de forma personalizada.
A hotelaria sempre viveu de criar momentos memoráveis. Um recepcionista que percebe o nervosismo de um casal antes de uma viagem especial, ou um garçom que sugere um prato típico contando a história por trás da receita, criam memórias que ficam para sempre. Nenhum algoritmo é capaz de replicar essa sensibilidade, esse toque humano que transforma uma simples estadia em algo inesquecível.
Exemplos não faltam. Nos Estados Unidos, muitas redes de hotéis já usam IA para prever a ocupação de quartos e ajustar preços automaticamente, evitando prejuízo. Ao mesmo tempo, investem pesado em treinamento humano para que a equipe esteja preparada para receber hóspedes internacionais, respeitando culturas e expectativas diferentes. No Brasil, alguns hotéis adotaram chatbots para tirar dúvidas rápidas no WhatsApp, mas reforçam sempre que o atendimento presencial é prioridade. Como disse um gerente de Salvador: “A tecnologia ajuda, mas quem dá vida ao hotel é a nossa equipe”.
O futuro parece caminhar justamente para essa convivência. A inteligência artificial deve continuar assumindo tarefas de bastidores, tornando tudo mais rápido e eficiente, enquanto os profissionais da hotelaria terão mais espaço para atuar de maneira estratégica e criativa. Em vez de se preocupar com a substituição, talvez seja hora de enxergar a oportunidade: usar a tecnologia como aliada para elevar a experiência do hóspede.
Porque no fim das contas, uma máquina pode até fazer o seu check-in em segundos, mas nunca vai dar aquele sorriso caloroso que você precisa após uma viagem cansativa. E é exatamente aí que mora a diferença.
Fonte: mapaempresariall.com.br