Extrativismo no Acre cresce 1,8% em 2024 impulsionado pela madeira
O setor movimentou R$ 115,8 milhões, mostrando a força da economia florestal e os desafios da sustentabilidade.
O Acre é um estado que possui uma conexão significativa com a floresta. Para muitos que residem nessa região, a natureza não é apenas uma vista agradável: ela é uma fonte de recursos, de cultura e de identidade. Em 2024, essa conexão se manifestou igualmente nos dados. O extrativismo no Acre aumentou 1,8%, gerando R$ 115,8 milhões, especialmente devido à madeira em tora, que impulsionou esse crescimento.
Pode parecer apenas um dado, mas por trás desses números existem relatos de comunidades, trabalhadores e famílias que dependem da floresta para sua sobrevivência. A coleta da madeira, quando realizada de maneira legal e regulamentada, gera receita e postos de trabalho. Contudo, o assunto também gera discussões sensíveis acerca da sustentabilidade e das fronteiras entre o avanço econômico e a proteção do meio ambiente.
A madeira em tora foi a principal responsável por esse crescimento. Ainda é o produto que mais gera renda no setor extrativista no Acre, ultrapassando produtos tradicionais como a borracha e a castanha. Para certas pessoas, isso parece ser um progresso, um indicativo de que a economia florestal continua em funcionamento. Entretanto, isso levanta uma preocupação: até que nível a exploração de madeira pode se expandir sem prejudicar a riqueza natural que torna o estado um patrimônio singular?
O estado do Acre possui uma história única neste debate. Serviu como lar para líderes como Chico Mendes, que defendia um modelo de desenvolvimento sustentável, no qual a floresta se mantivesse intacta e, ao mesmo tempo, proporcionasse renda para as comunidades locais. Sua batalha demonstrou que é viável considerar opções como a gestão sustentável, a coleta de produtos não madeireiros e o apoio às comunidades tradicionais.
Atualmente, quase quarenta anos depois, o desafio ainda persiste. Embora o aumento de 1,8% possa parecer modesto quando observamos apenas a porcentagem, o montante envolvido superior a R$ 115 milhões é significativo para a economia da região. Ele nos induz à reflexão: de que maneira é possível harmonizar esse progresso econômico com a proteção ambiental?
É importante destacar que o extrativismo no Acre vai além da exploração da madeira. A castanha, por sua vez, é um produto significativo, reconhecido em todo o mundo e que está se tornando cada vez mais apreciado no mercado. O látex, embora em uma escala reduzida em comparação ao auge da borracha, continua a ter relevância cultural e histórica. Esses produtos demonstram que existem formas de exploração que não necessitam do corte de árvores, mas sim da utilização inteligente dos recursos que a floresta proporciona.
Outro aspecto que requer consideração é a distribuição dessa riqueza. O aumento do extrativismo produz recursos, mas será que esses benefícios alcançam de maneira justa as comunidades que atuam diretamente na floresta? Com frequência, os elevados lucros se concentram nas mãos de poucos, enquanto os extrativistas locais encontram dificuldades para comercializar seus produtos a preços adequados. No meio de tudo isso, existe também a questão do impacto no meio ambiente.
A remoção ilegal de árvores continua a ser uma realidade no estado, o que ameaça tanto a diversidade de espécies quanto a imagem do Acre no contexto mundial. Por esta razão, especialistas enfatizam a relevância da supervisão, do estímulo a métodos de gestão sustentável e da valorização de cadeias produtivas que preservem a floresta.
O aumento observado em 2024 pode ser interpretado de duas maneiras: como um indicativo da robustez da economia extrativista ou como um alerta sobre a urgência de reavaliar as direções desse segmento. O Acre possui potencial para ser um modelo de desenvolvimento sustentável, porém isso depende de decisões conscientes, de políticas públicas eficientes e de uma perspectiva de longo prazo.
No final das contas, os R$ 115,8 milhões não simbolizam apenas uma quantia monetária. Eles narram uma história sobre a utilização da floresta, abordam os desafios que ainda devemos enfrentar e destacam a possibilidade de transformar o extrativismo em um meio para harmonizar a natureza com o desenvolvimento humano. Porque, essencialmente, a floresta não é apenas um recurso. Ela representa lar, é existência e é futuro para o Acre, para o Brasil e para o mundo.
Fonte: mapaempresariall.com.br