Publicações
Publicado: 30 de setembro de 2025 às 17:34

Por que aquele casaco ou tênis europeu custa tão caro no Brasil?

Impostos, logística, câmbio e até estratégia de marca explicam por que produtos que parecem acessíveis na Europa chegam com preços altos por aqui.

Sabe aquela sensação de entrar em uma loja de uma marca europeia no Brasil e perceber que os preços parecem… quase inacreditáveis? Não é impressão sua. Um par de tênis, uma jaqueta ou até um simples acessório podem custar muito mais aqui do que em Paris, Milão ou Londres. Mas a razão para isso vai muito além do “aqui no Brasil tudo é caro”. É uma combinação de impostos, logística, câmbio e até escolhas estratégicas das próprias marcas, e quando entendemos, tudo faz sentido mesmo que o bolso ainda sinta o impacto.

Vamos começar pelo óbvio e doloroso: impostos. O Brasil é conhecido por tributos altos, e produtos importados não escapam disso. Imposto de Importação, IPI, ICMS, taxas de desembaraço aduaneiro… cada etapa adiciona valor. É como se o governo colocasse várias “camadas” de custo sobre cada produto que cruza o oceano. Um sapato que custa 100 euros na Europa pode facilmente passar dos R$ 1.500 quando chega à loja brasileira.

Depois vem o câmbio. O euro e a libra esterlina valorizados em relação ao real aumentam automaticamente o preço. E o câmbio muda todos os dias, o que significa que, mesmo que o custo do produto na Europa se mantenha, o preço no Brasil pode subir ou cair dependendo da cotação. É quase como se estivéssemos jogando um jogo de azar diário com o valor das moedas.

A logística também é uma peça importante nesse quebra-cabeça. Trazer produtos da Europa envolve transporte marítimo ou aéreo, taxas portuárias, seguro, armazenagem e distribuição pelo país. Cada passo encarece a mercadoria, e, somando todos os custos, não é surpresa que o preço final assuste. Imagine só: seu casaco viajou milhares de quilômetros antes de chegar à sua mão, passando por portos, caminhões e centros de distribuição.

Mas nem tudo é questão de custo: há também estratégia de marca envolvida. Muitas dessas empresas europeias posicionam seus produtos no Brasil como artigos premium. Ou seja, além de um preço maior, há um esforço em criar exclusividade, sofisticação e desejo. Esse “ar de luxo” faz com que algumas pessoas estejam dispostas a pagar mais, e a marca aproveita essa oportunidade para reforçar sua imagem de prestígio.

Ainda por cima, algumas adaptações para o mercado brasileiro geram custo extra. Normas de segurança, legislação local, embalagem diferente e até ajustes de design para agradar os consumidores podem parecer detalhes pequenos, mas influenciam diretamente no preço final.

Por fim, existe o fator mercado. O Brasil é um país com enorme potencial de consumo, e muitas marcas sabem disso. Elas equilibram preço, exclusividade e demanda, garantindo que o produto não só cubra custos, mas também se encaixe no perfil de quem quer viver um pouquinho do estilo europeu.

No fim das contas, quando você se assusta com o preço de um casaco italiano ou um tênis francês, lembre-se: não é só vaidade da marca ou ganância da loja. Cada etiqueta conta uma história da viagem do produto até o Brasil, dos impostos, da logística, do câmbio e das escolhas estratégicas da empresa. É caro, sim, mas é também um pedacinho da Europa chegando até você, com toda a sofisticação, esforço e história que ele carrega.

Fonte: mapaempresariall.com.br