O nível de escolaridade dos políticos brasileiros é o mais baixo entre países desenvolvidos
No Brasil, o voto pesa mais que o diploma. Mas será que isso é um problema de representatividade ou de consciência nacional?
Por Giacomo Santana, colunista de política e sociedade
De vez em quando, eu paro para pensar no quanto é grande a responsabilidade de quem faz as leis que regem um país inteiro.
E, sinceramente, me assusta perceber como o Brasil ainda trata isso com tanta leveza. Aqui, para ser eleito, basta saber ler e escrever. Só isso.
Parece pouco, né? Principalmente quando lembramos que são essas pessoas que decidem sobre educação, saúde, economia e o futuro de milhões de brasileiros.
🇧🇷 No Brasil, o voto vale mais que o preparo
Os números deixam claro: menos da metade dos deputados federais têm ensino superior completo, e uma parte sequer terminou o ensino médio.
E isso não é uma crítica ao povo, nem uma defesa de elitismo. É um convite à reflexão.
Por que será que exigimos tantos anos de estudo para um professor dar aula, para um enfermeiro cuidar de vidas, ou para um advogado defender a justiça — mas não pedimos o mesmo de quem cria as leis que todos nós temos que seguir?
Não é sobre ter um diploma pendurado na parede. É sobre entender que conhecimento traz responsabilidade, empatia e consciência.
Um político sem preparo pode até ter boas intenções, mas boa vontade, sozinha, não constrói um país.
🇩🇪 Na Alemanha, a política é extensão do estudo
Na Alemanha, quase 90% dos parlamentares têm ensino superior completo — muitos com mestrado ou doutorado.
Eles encaram a política como uma missão que exige preparo. Por lá, estudar não é vaidade, é compromisso com o coletivo.
Quem entra para a vida pública chega com bagagem técnica, mas também com a noção de que governar é servir — e servir exige saber o que se está fazendo.
🇺🇸 Nos Estados Unidos, conhecimento é sinônimo de confiança
Nos Estados Unidos, quase todos os congressistas têm diploma universitário, e a maioria estudou Direito.
A sociedade valoriza o estudo como um pilar da liderança. Não existe uma lei que obrigue, mas existe uma cultura que reconhece: quem se prepara, quem se dedica, quem busca entender o mundo, tem mais condições de representá-lo.
E essa mentalidade acaba inspirando o eleitor — que enxerga no conhecimento um sinal de seriedade e competência.
🇫🇷🇬🇧 Na França e no Reino Unido, educação e política caminham juntas
Na França, muitos líderes passam pela École Nationale d’Administration, famosa por formar grandes gestores públicos.
No Reino Unido, não é diferente — Oxford e Cambridge são berços de boa parte dos políticos britânicos.
Não porque sejam “melhores” que o povo, mas porque entender o funcionamento de uma nação exige estudo, preparo e visão de longo prazo.
A política, nesses países, é uma consequência da formação, não um atalho para o poder.
E o que isso tudo diz sobre nós, brasileiros?
O Brasil é um país gigante, cheio de gente inteligente, criativa e batalhadora. Mas ainda precisamos aprender a valorizar o conhecimento como ferramenta de transformação social.
Ter representantes que compreendam o que estão decidindo — que saibam interpretar um orçamento, discutir uma reforma, planejar o futuro — não é luxo. É necessidade.
Não estou dizendo que o diploma é a única medida de capacidade. Longe disso.
Existem líderes que saíram da base, que não tiveram acesso a estudo, mas têm uma sabedoria de vida admirável.
O que defendo é o equilíbrio: a vivência popular precisa caminhar junto com o preparo técnico.
Governar é lidar com vidas, sonhos e destinos. E isso exige mais do que boa vontade — exige consciência, empatia e conhecimento.
Talvez o primeiro passo para mudar o Brasil seja justamente esse: entender que estudar não é privilégio, é dever de quem quer transformar.