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Publicado: 26 de outubro de 2025 às 17:15

Lula se Oferece como Mediador entre Trump e Maduro para Promover Paz na América do Sul

Presidente Lula propõe atuar como contato entre EUA e Venezuela durante reunião com Trump em Kuala Lumpur, destacando a região como zona de paz.
  • Presidente Lula propõe atuar como contato entre EUA e Venezuela durante reunião com Trump em Kuala Lumpur, destacando a região como zona de paz. • Chanceler Mauro Vieira confirma oferta, citando histórico brasileiro de mediação; contexto inclui ataques militares americanos no Caribe. • Iniciativa surge em meio a escalada de tensões, com Trump autorizando operações da CIA e Maduro respondendo com exercícios navais.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estendeu uma oferta diplomática ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, durante seu primeiro encontro oficial, realizado neste domingo (26/10/2025) em Kuala Lumpur, na Malásia. Lula se prontificou a servir como interlocutor entre Washington e Caracas para buscar soluções pacíficas nas crescentes tensões entre os EUA e a Venezuela de Nicolás Maduro. A declaração, confirmada pelo chanceler Mauro Vieira, enfatiza a América do Sul como uma "região de paz" e resgata o histórico brasileiro de mediação, como na facilitação de diálogos regionais nos anos 2010. A proposta ocorre em um momento de alta volatilidade, com operações militares americanas no Caribe acusadas de desestabilização e respostas defensivas de Maduro, podendo pavimentar um novo capítulo na diplomacia sul-americana.

Vieira relatou que Lula "levantou o tema, disse que a América Latina e a América do Sul, especificamente onde estamos, é uma região de paz e se prontificou a ser um contato, ser um interlocutor, como já foi no passado, com a Venezuela, para se buscar soluções que sejam mutuamente aceitáveis e corretas entre os dois países". O gesto reforça o posicionamento do Brasil como ponte neutra, alinhado à tradição de não intervenção, mas desafiado por críticas internas e regionais.

Contexto do Encontro e a Proposta de Mediação

O diálogo bilateral, à margem da Cúpula da Asean, durou cerca de 45 minutos e incluiu temas como tarifas comerciais e soberania regional. Lula, acompanhado de Vieira e do ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Elias Rosa, usou o momento para propor mediação, destacando a expertise brasileira em negociações passadas, como o acordo de paz na Colômbia (2016). A oferta visa desescalar ações americanas no Caribe, incluindo ataques aéreos e marítimos desde setembro de 2025, que resultaram em 43 mortes e foram justificados por Washington como combate ao narcotráfico, mas denunciados por Caracas como "assassinatos seletivos".

Trump, que em 19/10/2025 chamou Maduro de "ditador" e autorizou missões secretas da CIA na Venezuela, respondeu com tom pragmático, elogiando o "bom relacionamento" com o Brasil e instruindo sua equipe a iniciar negociações. O encontro, precedido por uma ligação em outubro, sinaliza uma trégua inicial, com planos para visitas recíprocas em 2026.

  • Duração e Equipe: 45 minutos; Lula com Vieira e Rosa; Trump com assessores de comércio e segurança.
  • Outros Temas: Tarifas de 50% sobre produtos brasileiros (pedido de suspensão); "injustiça" no processo contra Bolsonaro.
  • Resposta Inicial: Vieira: "Soluções mutuamente aceitáveis"; Trump: "Bons negócios para ambos".

 

Aspecto da MediaçãoDetalhesHistórico Brasileiro
Oferta de LulaInterlocução para diálogos EUA-VenezuelaMediação em Colômbia (2016) e Nicarágua (2018)
Tensões AtuaisAtaques EUA no Caribe (43 mortes desde set/2025)Exercícios navais venezuelanos (25/10/2025)
ObjetivoSoluções pacíficas e soberanasEvitar intervenções externas na América do Sul

Foto: Maduro durante exercícios militares venezuelanos em resposta a ações americanas - Arquivo Venezuelano

Tensões EUA-Venezuela: Operações Militares e Acusações Mútuas

As sanções e operações americanas contra o regime de Maduro escalaram desde a reeleição de Trump. Em setembro, forças dos EUA destruíram 10 embarcações (nove lanchas e um semissubmersível) no Caribe, alegando contrabando de drogas, mas sem provas apresentadas. Caracas denunciou como "terrorismo de Estado", com 43 mortes. Em 25/10/2025, a Venezuela realizou exercícios navais para proteger seu litoral, enquanto Trump autorizou ações secretas da CIA, conforme reportado pelo New York Times, visando "derrubar Maduro".

Petro, presidente colombiano, criticou as ações como "paradoxo imperial", alinhando-se a Lula. A mediação brasileira poderia incluir observadores da ONU e facilitação de negociações em Brasília, reduzindo riscos de conflito armado.

  • Ações Americanas: Seis ataques desde set/2025; foco em narcotráfico, mas Caracas vê como desestabilização.
  • Resposta Venezuelana: Exercícios militares; denúncias na OEA e ONU.
  • Papel do Brasil: Histórico de neutralidade; Lula ofereceu-se como "contato" para soluções "mutuamente aceitáveis".

Reações e Implicações Regionais

O governo brasileiro vê a proposta como reforço à liderança sul-americana, com Vieira destacando a "tradição de paz". A oposição, como Flávio Bolsonaro (PL-RJ), minimizou: "Lula mediará para Maduro, o ditador?". Maduro agradeceu publicamente: "O Brasil é um aliado na defesa da soberania". Trump, em post no X, elogiou Lula como "líder forte" e prometeu "paz através de força".

Implicações:

  • Diplomáticas: Brasil como ponte no Sul Global; possível cúpula EUA-Venezuela em 2026.
  • Econômicas: Redução de tensões alivia migração e comércio (US$ 20 bi anuais Brasil-Venezuela em petróleo).
  • Segurança: Menos operações militares no Caribe; foco em cooperação antinarcóticos via OEA.

Projeções:

 

CenárioProbabilidadeResultado
Mediação Bem-Sucedida60%Diálogos em Brasília; redução de sanções
Rejeição de Trump25%Escalada de ataques; isolamento de Maduro
Neutralidade Prolongada15%Status quo; Brasil como observador ONU

Perspectivas: Diplomacia Brasileira em Ação

A iniciativa de Lula resgata o multilateralismo petista, contrastando com o isolacionismo de Trump. Com a posse em janeiro de 2026, o timing é estratégico para evitar uma "guerra fria" na América Latina. Analistas como o embaixador Celso Amorim veem potencial: "O Brasil pode unir vizinhos em prol da estabilidade". O episódio reforça o papel de Brasília como farol de paz na região.