Oruam na Política: Rapper Anuncia Pré-Candidatura a Deputado Estadual e Desafia Limites da Representação Popular
A entrada de Oruam na política exemplifica um fenômeno crescente: celebridades digitais ocupando espaços sem formação ou histórico público.
A pré-candidatura do rapper Oruam a deputado estadual pelo Rio de Janeiro para as eleições de 2026 reacende o debate sobre os critérios para o exercício da representação popular na política brasileira. Filho do conhecido traficante Marcinho VP, líder do Comando Vermelho, Oruam (Mauro Davi dos Santos Nepomuceno) usa sua visibilidade no funk carioca – com hits como "Invejoso" e mais de 5 milhões de seguidores no Instagram – para propor uma agenda focada em juventude, cultura e inclusão social. No entanto, sua trajetória marcada por polêmicas, incluindo investigações por apologia ao crime e associações controversas, questiona se a popularidade basta para um mandato que exige ética, preparo e compromisso com as instituições democráticas.
Anunciada em outubro de 2025, a candidatura ainda não tem partido oficializado, mas fontes próximas indicam negociações com legendas de centro-direita, como o União Brasil. Oruam argumenta que sua origem periférica o qualifica para representar os "invisíveis", mas críticos veem nisso uma banalização da política, onde o espetáculo substitui a substância.
Quem é Oruam: Da Periferia ao Palco e às Polêmicas
Nascido em 1999 no Rio de Janeiro, Oruam cresceu no Complexo do Alemão, zona de influência do Comando Vermelho, onde seu pai, Marcinho VP, foi preso em 1996 e cumpre pena perpétua por tráfico e homicídios. O rapper, que adotou o nome artístico como anagrama de "Mauro", começou a carreira aos 15 anos, com letras que retratam a realidade das favelas, mas frequentemente acusadas de glorificar o crime organizado.
Sua ascensão veio com o viral "Invejoso" (2022), que acumula 200 milhões de views no YouTube, e colaborações com artistas como MC Cabelinho. Em 2023, Oruam lançou "Periferia é o Futuro", álbum que mistura funk com trap, mas incluiu faixas como "Facção", que gerou investigações da Polícia Civil por apologia ao tráfico. Em 2024, defendeu publicamente Marcinho VP em entrevista ao Flow Podcast, chamando-o de "guerreiro da favela", o que levou a uma CPI no Rio para apurar incentivos culturais a artistas controversos.
- Carreira Musical: 5 álbuns, 500 milhões de streams; prêmios como Prêmio Multishow de Revelação (2023).
- Polêmicas: Acusações de apologia ao crime em letras; defesa de traficantes; investigação por lavagem de dinheiro em 2024 (arquivada por falta de provas).
- Vida Pessoal: Solteiro, reside no Rio; filantropia via lives beneficentes para favelas.
Oruam afirma: "Minha música é espelho da realidade periférica, não apologia. Como deputado, vou lutar pela inclusão real."
| Ano | Evento Principal | Impacto |
|---|---|---|
| 2022 | Hit "Invejoso" viraliza | Ascensão nacional |
| 2023 | Prêmio Multishow | Reconhecimento artístico |
| 2024 | Investigação por lavagem | Arquivada; debate sobre censura |
| 2025 | Pré-candidatura anunciada | Polêmica sobre qualificação |
Foto: Oruam em show no Rio de Janeiro - Reprodução Instagram
A Banalização da Política: Fama vs. Credibilidade
A entrada de Oruam na política exemplifica um fenômeno crescente: celebridades digitais ocupando espaços sem formação ou histórico público. Com 5 milhões de seguidores, ele aposta na influência online para captar votos jovens (18-24 anos), mas críticos como o deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP) veem risco: "Transformar polêmica em plataforma é perigoso; o mandato exige mais que likes."
Projetos como o "Anti-Oruam" (PL 4528/24, de Kataguiri) buscam proibir contratações públicas de artistas que apóiem o crime, inspirados em casos como a defesa de Marcinho VP. A banalização, segundo analistas, erode a seriedade do Parlamento, onde 30% dos deputados eleitos em 2022 eram ex-artistas ou influencers, segundo TSE.
- Argumentos a Favor: Voz periférica autêntica; engajamento jovem em pautas sociais.
- Críticas: Falta de preparo; risco de apologia ao crime em legislaturas.
- Dados: 40% dos jovens votantes priorizam "influencers" em eleições (Datafolha 2025).
Oruam rebate: "A política precisa de renovação, não de elites. Minha origem é minha credibilidade."
Implicações para 2026: Um Teste à Democracia Digital
A candidatura de Oruam pode polarizar o eleitorado fluminense, onde 25% dos jovens apoiam artistas na política (Ipec 2025). Se eleito, seria o primeiro rapper com laços a facções no Congresso, intensificando debates sobre ética. Especialistas como o cientista político Carlos Melo alertam: "A fama digital democratiza, mas banaliza; o risco é priorizar espetáculo sobre substância."
O TSE monitora campanhas para apologia ao crime, com multas de R$ 50 mil. Oruam planeja plataforma com foco em educação periférica e cultura urbana.
