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Publicado: 29 de outubro de 2025 às 16:39

Haddad Exige

Fernando Haddad acusou o governador Cláudio Castro de inércia no combate ao financiamento do crime organizado, após a operação mais letal da história do Rio

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, intensificou críticas ao governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), nesta terça-feira (29/10/2025), ao afirmar que ele "deveria acordar" para o problema crônico do crime organizado na região metropolitana da cidade. A declaração veio em coletiva de imprensa após a megaoperação policial de 28/10/2025, considerada a mais letal da história do Rio, com pelo menos 121 mortes confirmadas nos complexos do Alemão e Penha. Haddad enfatizou a necessidade de combater o "andar de cima" do tráfico – os financiadores, como contrabandistas de combustíveis – e defendeu a PEC da Segurança Pública como solução para integrar esforços federais, estaduais e municipais. O presidente Lula, segundo o ministro, ficou "estarrecido" com o saldo de vítimas e instruiu o oferecimento de vagas em presídios federais, Força Nacional e apoio forense ao estado. Castro, por sua vez, defendeu a ação como "rigorosa e dentro da lei", chamando-a de resposta necessária ao Comando Vermelho (CV), mas a divergência expõe tensões entre esferas de poder em um momento de debate nacional sobre letalidade policial e coordenação de segurança.

A operação, deflagrada pela Polícia Civil e Militar, visava desmantelar células do CV e resultou em 81 prisões, incluindo o líder "Belão", e apreensão de 93 fuzis, mas o alto número de mortes – majoritariamente de suspeitos – reacendeu acusações de descontrole e falta de planejamento, com moradores relatando corpos não contabilizados inicialmente.

Detalhes da Operação e o Saldo Fatal

A ação, iniciada às 6h de 28/10/2025, mobilizou centenas de agentes nos complexos da Zona Norte, resultando em confrontos que duraram 12 horas. O saldo oficial, atualizado na madrugada de 29/10, é de 121 mortes (suspeitos ligados ao CV), 15 feridos (incluindo policiais) e 81 detenções. Relatos de moradores indicam mais de 60 corpos encontrados na mata entre os complexos, não incluídos no balanço inicial.

  • Objetivo: Captura de líderes do CV e desarticulação de células.
  • Resultados: 93 fuzis apreendidos; transferência de 10 presos a presídios federais.
  • Críticas: Falta de comunicação ao governo federal; PF considerou "irrazoável".

Haddad destacou: "Para pegar o andar de cima do crime organizado, que tem o dinheiro e municia as milícias, tem de combater de onde vem o dinheiro, como o contrabando de combustíveis."

 

Indicador da OperaçãoDetalhes
Mortos121 (suspeitos do CV)
Feridos15 (5 policiais)
Prisões81, incluindo "Belão"
Apreensões93 fuzis
Duração12 horas (28/10/2025)

Foto: Cena de confronto na operação do Alemão e Penha - Arquivo G1

Crítica de Haddad e Oferta de Apoio Federal

Em coletiva ao lado do diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, Haddad criticou a inação estadual: "O governo do Rio tem feito praticamente nada em relação ao contrabando de combustíveis, que irriga o crime." Ele defendeu a PEC da Segurança Pública, em tramitação, para integrar governadores, presidente, Receita, PF e MPs federal e estadual na luta contra o financiamento do crime.

Lula, "estarrecido" com o saldo, instruiu apoio imediato: vagas em presídios federais para líderes, Força Nacional para reforço e Instituto Forense Nacional para identificação de corpos. Uma reunião com Castro foi marcada para a tarde de 29/10/2025.

Rodrigues confirmou contatos iniciais, mas avaliou o plano como "inconsistente" com métodos federais.

Defesa de Castro e Tensões Federais

Castro rebateu: "Estamos enfrentando o crime com rigor, dentro da lei, e quem comandar ações criminosas de dentro das cadeias será isolado." Ele destacou a prisão de "Belão" e transferências federais como vitória. A divergência reflete disputas sobre responsabilidade: Haddad culpa o estado pela inércia, enquanto Castro acusa o federal de omissão em inteligência.

Sobre Garantia da Lei e Ordem (GLO), Haddad esclareceu: "É medida excepcionalíssima, não espontânea." GLO exige pedido estadual e decisão presidencial em casos de falha policial e tumulto público – não discutida na reunião.

Implicações para a Segurança Pública

A operação, a mais letal desde 2007 (19 mortes na Rocinha), expõe falhas federativas, com 55% dos brasileiros insatisfeitos com políticas antidrogas (Datafolha 10/2025). A PEC visa R$ 10 bilhões extras para inteligência, mas enfrenta resistência estadual. Especialistas preveem debate no Congresso sobre letalidade (1.200 mortes por PM em 2025, Fórum Brasileiro de Segurança Pública).

O caso pode acelerar a PEC, promovendo colaboração contra o "andar de cima" do crime.