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Publicado: 20 de novembro de 2025 às 09:20

Padre na Espanha celebra missa com bandeira LGBT no altar e provoca protestos de fiéis

Evento em Sevilha gera acusações de "abuso litúrgico" e carta ao Vaticano; Igreja Católica investiga inclusão de símbolos em cerimônia

Um padre espanhol gerou polêmica ao celebrar uma missa com uma bandeira LGBT posicionada no altar principal, em meio a protestos de fiéis que acusaram o ato de "acolher o pecado" e "traição". O episódio ocorreu no sábado (15) na Igreja de Santa María la Real, em Sevilha, e reflete tensões crescentes na Igreja Católica entre inclusão de minorias e tradição litúrgica. A associação católica Orate, que solicitara a missa em memória de jovens falangistas mortos na Guerra Civil Espanhola (1936-1939), denunciou o padre Francisco Javier Rodríguez por "abusos litúrgicos" e enviou uma carta à arquidiocese local e ao Vaticano, pedindo investigação e providências.

O padre Rodríguez defendeu a decisão, citando mensagens do Papa Francisco sobre integração de todos na Igreja. A controvérsia ganhou repercussão internacional, com debates sobre o equilíbrio entre acolhimento e doutrina católica em um contexto de crescente visibilidade LGBTQIA+ na Europa.

“Se a Igreja é de todos, também é deles [da Orate]. Não recusei a missa fúnebre; informei que não poderia haver manifestações políticas”, afirmou Rodríguez em entrevista ao jornal espanhol ABC, negando acusações de recusa inicial ao pedido da associação.

O que aconteceu na missa: de memória aos falangistas a protestos acalorados

A Orate havia solicitado uma missa fúnebre em homenagem a jovens falangistas – aliados do ditador Francisco Franco durante a Guerra Civil –, mas a arquidiocese negou o pedido por risco de politização do ato religioso. Apesar disso, a celebração prosseguiu com a bandeira LGBT no altar, o que provocou reações imediatas dos fiéis presentes. Um representante da Orate foi gravado gritando:

“O primeiro culpado é você, que está acolhendo o pecado nesta missa. Você é um traidor!”

O incidente durou minutos, com vaias e interrupções, mas a missa continuou. A bandeira, símbolo de orgulho LGBTQIA+, foi colocada ao lado do crucifixo, gerando acusações de desrespeito à liturgia católica tradicional. A Orate alega que o ato viola normas eclesiais, pedindo ao Vaticano análise de "abusos litúrgicos".

Reações da Igreja e opinião pública: divisão entre inclusão e tradição

A arquidiocese de Sevilha confirmou o recebimento da denúncia e iniciou uma investigação interna, sem comentar publicamente até o momento. O Vaticano, via Sala de Imprensa, limitou-se a dizer que "acompanhará o caso conforme as normas canônicas". Líderes católicos conservadores na Espanha, como o bispo emérito Juan Antonio Reig Plà, criticaram o episódio como "profanção do sagrado", enquanto grupos progressistas, como a Rede Europeia de Igrejas Inclusivas, defenderam Rodríguez:

“A bandeira representa amor e inclusão, alinhada à mensagem do Papa Francisco de uma Igreja de portas abertas.”

Nas redes sociais, a opinião pública se divide: comentários no artigo da Revista Oeste chamam o padre de "pervertido" e acusam a Igreja de "tomada por influências modernas", enquanto outros veem no ato um avanço contra o conservadorismo. A Orate, conhecida por sua linha tradicionalista, usa o caso para pressionar por reformas na liturgia espanhola.

 

GrupoReação principalAção tomada
Associação Orate"Abuso litúrgico e acolhida ao pecado"Carta ao Vaticano e arquidiocese
Padre Francisco Rodríguez"Inclusão para todos, sem politização"Defesa em entrevista ao ABC
Conservadores católicos"Profanação do altar e traição à doutrina"Críticas públicas e petições online
Grupos LGBTQIA+ progressistas"Símbolo de amor e portas abertas"Apoio nas redes e defesa papal

Contexto e implicações: tensão litúrgica na Igreja espanhola

A Espanha vive debates intensos sobre inclusão LGBTQIA+ na Igreja, impulsionados pelo Sínodo sobre a Sinodalidade (2023-2024), que discute acolhimento sem alterar dogmas. O Papa Francisco, em 2023, aprovou bênçãos para casais do mesmo sexo em contextos pastorais, mas vetou mudanças litúrgicas formais. Em Sevilha, epicentro de conservadorismo católico, o episódio ecoa controvérsias como a missa com drag queen em Madri (2024), que levou a sanções eclesiais.

Analistas veem o caso como reflexo de polarização global: enquanto a Igreja na Europa avança em inclusão (com 20% de paróquias adotando linguagem acolhedora, segundo Pew Research), grupos tradicionais resistem, temendo perda de fiéis jovens. Para a Orate, o incidente reforça a luta contra "modernismos"; para ativistas, é um passo para uma Igreja mais diversa.

A investigação vaticana pode resultar em advertência ou suspensão ao padre, mas sem prazo definido. O episódio destaca: em uma Igreja de 1,3 bilhão de fiéis, símbolos como bandeiras podem unir ou dividir altares.