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Publicado: 21 de novembro de 2025 às 09:24

STF torna Eduardo Bolsonaro réu por coação no julgamento do pai: governistas celebram e preveem prisão

Maioria na Corte, formada por Dino e Zanin, reconhece articulação nos EUA para impor sanções contra Brasil; opositores silenciam, mas aliados de Lula falam em "vitória para a democracia"

O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria nesta terça-feira (18) para tornar o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) réu por coação no curso do processo, em ação ligada ao julgamento de suposta tentativa de golpe de Estado envolvendo seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A decisão, relatada pelo ministro Alexandre de Moraes, foi acompanhada pelos colegas Flávio Dino e Cristiano Zanin, configurando uma vitória simbólica para o governo Lula e reacendendo debates sobre interferência externa na Justiça brasileira.

Eduardo é acusado de articular nos Estados Unidos, durante uma viagem em 2024, ações para intimidar autoridades judiciais, como a aplicação de tarifas de exportação contra o Brasil, suspensão de vistos para juízes e sanções via Lei Magnitsky contra Moraes. O ministro relator destacou que as ações criaram um "ambiente de intimidação", materializado em medidas concretas obtidas junto ao governo Trump, como restrições financeiras a autoridades brasileiras.

“O elemento subjetivo é evidente na tentativa de criar ambiente de intimidação sobre as autoridades que julgam Jair Bolsonaro, com a ameaça se concretizando por meio das sanções obtidas nos EUA”, afirmou Moraes na decisão.

O caso, que pode resultar em pena de até 4 anos de prisão, avança para fase de instrução. Eduardo, que nega as acusações e alega "lobby legítimo", tem prazo de 10 dias para apresentar defesa.

Governistas comemoram: "Aqui se faz, aqui se paga" e ironias sobre prisão

Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiram com entusiasmo nas redes sociais, vendo a decisão como um freio à "impunidade" e uma afirmação da soberania judicial. As postagens misturaram críticas à família Bolsonaro com previsões de "reencontro familiar" na prisão – referência à condenação de Jair a 27 anos e 3 meses por tentativa de golpe, em ação também relatada por Moraes.

 

PolíticoPartidoReação principal
Guilherme BoulosPsol (ministro da Secretaria Geral)"Aqui se faz, aqui se paga. Não vai demorar para o deputado ter reencontro familiar na Papuda".
Lindbergh FariasPT-RJ (deputado)"Vitória importante para a democracia! Consequência da minha denúncia em maio sobre coação e lobby por sanções".
Rogério CorreiaPT-MG (deputado)"O choro é livre, ele não por muito tempo. Do jeito que vai, só reencontra o papai na Papuda".
Erika HiltonPsol-SP (deputada)"STF forma maioria para tornar o parasita Eduardo Bolsonaro réu por coação. Ele tentou impedir a condenação do pai com o tarifaço e fracassou".
Maria do RosárioPT-RS (deputada)"Impunidade que tentaram no Congresso foi barrada pela Justiça. Usar cargo para subverter a lei não pode ser tolerado".

As reações foram postadas no X (ex-Twitter) logo após a decisão, com hashtags como #DemocraciaVence e #JustiçaPrevalece. Boulos, como ministro, foi o mais irônico, prevendo prisão para pai e filho no Complexo da Papuda (DF). Lindbergh Farias ligou o caso à sua representação em maio, que denunciou "pressões internacionais e ataques às instituições".

A oposição, liderada pelo PL, manteve silêncio oficial até o momento, mas aliados de Jair Bolsonaro já falam em "perseguição política" em círculos internos.

Contexto do caso: de lobby nos EUA a sanções contra o Brasil

A denúncia do Ministério Público Federal (MPF) baseia-se em áudios e documentos de uma viagem de Eduardo a Washington em 2024, onde ele se reuniu com congressistas republicanos para pressionar por retaliações contra o STF. As ações incluíram:

  • Tarifas de 50% sobre exportações brasileiras (café, carne), impostas em julho de 2025 e parcialmente suspensas em novembro;
  • Suspensão de vistos para Moraes e outros juízes;
  • Aplicação da Lei Magnitsky, que congela ativos de autoridades acusadas de violações de direitos humanos.

Moraes, na relatoria, argumentou que as manobras visavam "impedir o curso normal do processo" contra Jair Bolsonaro, condenado em outubro pela 1ª Turma do STF. O julgamento de Eduardo agora depende de análise de provas, com possível julgamento colegiado.

Analistas veem a decisão como um recado do STF contra interferências externas, especialmente em ano pré-eleitoral (2026). O governo Lula, que negocia o fim das sanções com os EUA, usa o caso para reforçar a narrativa de defesa das instituições.