Gleisi Hoffmann responde críticas de Alcolumbre e defende respeito mútuo no Senado:
Ministra das Relações Institucionais rebate insinuações de negociações por cargos e emendas na indicação de Messias ao STF; presidente do Senado reagiu a tentativas de adiar sabatina marcada para 10 de dezembro
A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), afirmou neste domingo (30) ter "o mais alto respeito e reconhecimento" pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), após críticas do parlamentar a supostas tentativas do governo de dar "contornos fisiológicos" à indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para o Supremo Tribunal Federal (STF). Em nota divulgada em seu perfil no X, Gleisi repudiou insinuações de negociações por cargos ou emendas em troca de apoio à nomeação, defendendo que o processo deve ocorrer com "transparência e lealdade de ambas as partes". A resposta veio horas após Alcolumbre publicar nota afirmando que "ninguém detém o monopólio da razão" e rejeitando a ideia de resolver divergências institucionais com "fisiologia".
A tensão gira em torno da vaga no STF deixada pelo ministro Luís Roberto Barroso, que assume a presidência do Tribunal de Contas da União (TCU) em 2026. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado marcou a sabatina de Messias para 10 de dezembro, mas o governo tenta adiar o processo. Alcolumbre está contrariado porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não indicou o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga, como esperado por aliados.
“O governo repudia insinuações de que divergências institucionais se resolvem com fisiologia ou negociações de cargos e emendas. Jamais consideraríamos rebaixar a relação institucional com o presidente do Senado a qualquer espécie de fisiologismo”, escreveu Gleisi no X, citando exemplos de indicações passadas como o procurador-geral da República e diretores do Banco Central, aprovados com "mútuo respeito".
Contexto das críticas: tensão na indicação de Messias ao STF
Alcolumbre divulgou nota na manhã de domingo (30), reagindo a "setores do Executivo" que, segundo ele, tentam criar a "falsa impressão" de que conflitos entre Poderes se resolvem com "cargos e emendas". Ele considerou a acusação "ofensiva" ao Legislativo e enfatizou que "nenhum Poder deve se julgar acima do outro". A nota veio após o governo pressionar pela postergação da sabatina de Messias, que conta com 11 votos assegurados na CCJ (de 27 membros), segundo levantamento do Poder360. São sete contra, três sem resposta (incluindo Renan Calheiros, do MDB-AL, e Cid Gomes, do PSB-CE, que costumam apoiar o governo, podendo elevar para 13), e seis indecisos. Para aprovação na CCJ, Messias precisa de pelo menos 14 votos. No plenário do Senado (81 senadores), seriam necessários 41, mas a base governista soma cerca de 30, faltando 11 apoios.
A indicação de Messias, jurista de confiança de Lula, ocorre em um momento delicado para o governo, com a base aliada fragilizada no Congresso. Alcolumbre, presidente do Senado desde fevereiro de 2025, tem articulado para agilizar a votação, contrariando o Planalto, que prefere adiar para ganhar tempo e apoios.
| Posição | Votos na CCJ (de 27) | Plenário do Senado (de 81) |
|---|---|---|
| A favor de Messias | 11 assegurados | Cerca de 30 (base governista) |
| Contra | 7 | Não estimado |
| Indecisos/sem resposta | 9 | Faltam 11 para 41 necessários |
Reações e implicações políticas
A nota de Gleisi foi vista como tentativa de apaziguar o conflito, mas analistas políticos apontam para desgaste na relação entre Executivo e Legislativo. O senador Renan Calheiros (MDB-AL), indeciso na CCJ, comentou no X que "o respeito mútuo é essencial, mas o Senado não pode ser refém de indicações". Já o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), defendeu Gleisi, afirmando que "não há fisiologismo, apenas diálogo institucional".
A implicação é clara: se Messias não for aprovado, Lula perde uma vaga estratégica no STF, enfraquecendo sua influência na Corte em ano pré-eleitoral (2026). O governo aposta em negociações nos bastidores para conquistar os indecisos, enquanto Alcolumbre reforça sua autonomia como presidente do Senado. O episódio expõe fragilidades da base aliada, com o Centrão cobrando contrapartidas para apoios futuros.
O veto de Lula a projetos como o das armas (anunciado em 30 de novembro) pode ser usado como moeda de troca, mas Gleisi nega qualquer barganha. Atualizações virão com a sabatina de Messias em dezembro.
