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Publicado: 05 de dezembro de 2025 às 09:21

Maduro faz apelo em português ao povo brasileiro: Saiam às ruas para apoiar a Venezuela

Em um gesto inédito, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, dirigiu-se diretamente ao povo brasileiro em português durante um programa de TV

Em um gesto inédito, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, dirigiu-se diretamente ao povo brasileiro em português durante um programa de TV, pedindo apoio nas ruas contra o que ele chama de "ameaças à soberania" do país. O episódio ocorreu em meio a tensões internacionais crescentes, incluindo ações militares dos Estados Unidos contra supostos traficantes de drogas no Pacífico.

O contexto do discurso

Maduro, que governa a Venezuela desde 2013, falou na quinta-feira, 4 de dezembro de 2025, no programa "El Sofá", transmitido pela TV estatal VTV. O presidente, frequentemente criticado por opositores e pela comunidade internacional como autoritário, segurava um boné do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), um grupo de esquerda brasileiro ligado a lutas por moradia. Ele agradeceu o presente, destacando semelhanças entre as organizações comunitárias socialistas em Caracas e os movimentos populares no Brasil.

O apelo surge em um momento delicado para o regime chavista: os EUA intensificaram operações antinarcóticos no Pacífico Oriental, com um ataque aéreo em 4 de dezembro que matou quatro pessoas em um navio suspeito de tráfico. Desde setembro de 2025, Washington registra pelo menos 23 ações semelhantes, resultando em mais de 80 mortes. Maduro nega envolvimento em narcotráfico e acusa os EUA de "agressão imperialista".

A mensagem em português: apelo direto à unidade

Falando com sotaque carregado, mas em português fluente, Maduro conclamou os brasileiros a se mobilizarem. Eis o trecho exato, capturado em vídeo e viralizado nas redes:

"A luta continua, a vitória é nossa. Viva a unidade do povo brasileiro, viva a unidade com o povo venezuelano. Povo do Brasil, saiam às ruas para apoiar a Venezuela em sua luta pela paz e soberania. Digo-lhes toda a verdade: temos o direito à paz com soberania. Viva o Brasil."

O discurso, de cerca de 2 minutos no trecho destacado, mostra Maduro em um estúdio simples, com o boné do MTST na mão, gesticulando enfaticamente. Imagens intercalam o presidente com cenas de manifestações em Caracas e bandeiras de Brasil e Venezuela unidas. Não há legendas em português no vídeo original, mas a pronúncia clara facilitou a compreensão.

Reações iniciais e o silêncio oficial do Brasil

Até o momento, não há pronunciamento oficial do governo brasileiro sobre o apelo. O presidente Lula, que manteve relações pragmáticas com Maduro apesar de críticas internas no PT, poderia ver o gesto como uma oportunidade de fortalecimento da integração sul-americana – ou como um risco diplomático, dado o isolamento crescente da Venezuela.

Nas redes sociais, o vídeo gerou polarização: apoiadores de esquerda no Brasil elogiaram a "solidariedade latino-americana", enquanto críticos, incluindo opositores venezuelanos exilados, ironizaram o "português forçado" como propaganda desesperada. O MTST, por sua vez, não se manifestou publicamente sobre o uso de seu boné.

Implicações para as relações Brasil-Venezuela

Esse é o primeiro apelo público de Maduro em português desde as eleições venezuelanas de julho de 2024, marcadas por denúncias de fraude e sanções internacionais. A Venezuela, com fronteiras compartilhadas e migração bilateral intensa, depende economicamente do Brasil para exportações de alimentos e remédios. Um apoio popular brasileiro poderia pressionar Brasília a adotar uma postura mais defensiva na OEA ou no Mercosul.

Analistas veem o gesto como estratégia de Maduro para explorar afinidades ideológicas com o lulismo, em um ano de instabilidade regional. Com as ações americanas no Pacífico ecoando temores de escalada, o apelo pode sinalizar uma busca por aliados na América do Sul antes de novas sanções.

O vídeo completo está disponível na cobertura da CNN Brasil, e o episódio reacende debates sobre solidariedade internacional versus realpolitik. Resta saber se o "povo do Brasil" atenderá ao chamado – ou se isso será só mais um eco na turbulenta política hemisférica.