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Publicado: 08 de dezembro de 2025 às 14:42

China Promete Medidas Econômicas “Mais Proativas” em 2026 para Impulsionar Demanda Interna

Birô Político do PCCh, liderado por Xi Jinping, define políticas fiscais expansionistas e monetárias moderadas em reunião anual

O Birô Político do Partido Comunista da China (PCCh), principal instância de formulação de políticas no país, anunciou nesta segunda-feira (8) a adoção de medidas econômicas “mais proativas” para 2026, com prioridade absoluta para destravar a demanda doméstica. A decisão veio da última reunião anual do órgão, realizada em 8 de novembro e liderada pelo presidente Xi Jinping, que reuniu 24 líderes do alto escalão. Em um contexto de desaceleração do consumo interno e deflação recorrente, o governo chinês planeja uma política fiscal mais agressiva e monetária moderadamente expansionista, incluindo a injeção de R$ 800 bilhões em programas de revitalização da demanda. A estratégia, divulgada pela agência estatal Xinhua, sinaliza uma resposta a desafios como disputas comerciais internacionais e prepara o terreno para o 15º Plano Quinquenal Nacional (PQN), que definirá metas para os próximos cinco anos. Analistas veem o movimento como um esforço para estabilizar o crescimento em um ano eleitoral nos EUA, onde tarifas protecionistas podem se intensificar.

A reunião do Birô Político, realizada em Pequim, marcou o fechamento das discussões anuais sobre o desempenho econômico de 2025 e as diretrizes para o futuro. O comunicado oficial enfatiza a necessidade de “alavancar os efeitos integrados das políticas existentes e novas, aumentando os ajustes anticíclicos e melhorando efetivamente a eficiência da governança macroeconômica”. Essa abordagem contrasta com a cautela observada nos últimos anos, quando a China priorizou a estabilidade financeira pós-pandemia, mas agora enfrenta uma demanda interna enfraquecida, com dados de consumo em queda e episódios de deflação que corroem a confiança do consumidor.

Contexto Econômico da China em 2025: Desaceleração e Pressões Externas

A economia chinesa, que cresceu 4,7% no terceiro trimestre de 2025 segundo dados oficiais, patina com a fraqueza da demanda doméstica – motor que representa 55% do PIB. Fatores como o envelhecimento populacional, bolha imobiliária e tensões comerciais com os EUA contribuíram para uma deflação pontual em meses como julho e agosto, erodindo margens de lucro de empresas e adiando compras. O Birô Político identificou esses gargalos como prioridade, especialmente com a proximidade da Conferência Central de Trabalho Econômico (CEWC), esperada para as próximas semanas, que avaliará o balanço anual e fixará metas para 2026. “A demanda interna é o principal propulsor do crescimento sustentável”, destacou o comunicado, ecoando preocupações de Xi Jinping com a autossuficiência em meio a sanções ocidentais.

Medidas Prometidas: Fiscal Expansionista e Monetária Moderada

Para 2026, o governo promete uma guinada mais intervencionista:

  • Política fiscal proativa: Aumento de gastos públicos em infraestrutura e subsídios ao consumo, com injeção inicial de R$ 800 bilhões (cerca de US$ 140 bilhões) em programas de revitalização da demanda, como vouchers para bens duráveis e incentivos a investimentos em tecnologia verde.
  • Política monetária expansionista moderada: Cortes nas taxas de juros pelo Banco Popular da China (PBoC) e maior liquidez para bancos, visando baratear crédito para pequenas e médias empresas (PMEs), que geram 60% dos empregos urbanos.
  • Ajustes anticíclicos: Medidas pontuais para combater deflação, como estímulos setoriais em varejo e imóveis, e aceleração da formulação do 15º PQN, que incluirá metas de inovação em IA e energias renováveis.

Essas ações visam elevar o crescimento para 5,5% em 2026, acima da meta de 5% de 2025, segundo projeções internas vazadas à Xinhua. O foco na demanda doméstica responde a uma dependência excessiva das exportações, que caíram 2,5% no acumulado do ano.

 

FatorDesafio em 2025Medida para 2026Impacto Esperado
Demanda InternaDesaceleração com deflação em 2 mesesInjeção de R$ 800 bi em subsídios ao consumoAumento de 3-4% nas vendas no varejo
Política FiscalGastos contidos pós-pandemiaMais proativa, com foco em infraestruturaCrescimento do PIB impulsionado em 1,2 p.p.
Política MonetáriaTaxas altas para conter inflaçãoModeradamente expansionista, cortes de jurosLiquidez extra de US$ 200 bi para PMEs
Plano QuinquenalTransição para inovaçãoInício da formulação do 15º PQNMetas de autossuficiência em tech e energia

Reações e Implicações Globais: Estímulo Chinês Pode Aliviar Pressões no Mundo

Embora o Birô Político não tenha detalhado reações externas, economistas ocidentais, como os do FMI, aplaudem o anúncio como “um passo necessário para evitar uma recessão em cadeia”. A China, maior parceira comercial de 120 países, representa 18% do PIB global; um estímulo robusto pode elevar preços de commodities como soja e minério de ferro, beneficiando exportadores brasileiros. No entanto, críticos no Ocidente alertam para riscos de bolhas, citando o endividamento local em 300% do PIB. No Brasil, o Ministério da Economia monitora o impacto: “Uma China mais proativa abre portas para nossas exportações agro”, disse um assessor anônimo. A CEWC, prevista para dezembro, trará detalhes finos, mas o sinal é claro: Pequim aposta na demanda interna para navegar turbulências geopolíticas.

O episódio reforça a centralidade de Xi na economia chinesa, com o Birô Político atuando como “conselho de guerra” contra a estagnação. Para 2026, o sucesso dependerá da adesão dos consumidores, ainda cautelosos após anos de lockdowns e incertezas. Atualizações virão com a CEWC e o lançamento do PQN.