Contrato da Esposa de Alexandre de Moraes com Banco Master Chegava a R$ 129 Milhões, Revela PF
Acordo para serviços jurídicos gerais foi encontrado no celular do dono do banco durante operação da Polícia Federal; valor seria pago em 36 meses a partir de 2024
Um contrato de R$ 129 milhões entre o escritório de advocacia da esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, Viviane Barci de Moraes, e o Banco Master foi revelado pela Polícia Federal (PF) em meio a investigações sobre fraudes no setor financeiro. O documento, assinado com a banca Barci de Moraes Advogados, previa pagamentos mensais de R$ 3,6 milhões ao longo de 36 meses, iniciando em 2024, por serviços jurídicos gerais e consultoria "conforme necessidade". A informação veio à tona após a apreensão de uma cópia digitalizada do acordo no celular de Daniel Vorcaro, proprietário do Banco Master, durante a Operação Compliance Zero, deflagrada em novembro de 2024. O caso, divulgado inicialmente pela colunista Malu Gaspar no jornal O Globo, reacende debates sobre conflitos de interesse em famílias de autoridades judiciais, embora o contrato não esteja ligado a processos específicos no STF. O gabinete de Moraes e o escritório da advogada não responderam a tentativas de contato até o fechamento desta reportagem.
A operação da PF mira esquemas de lavagem de dinheiro e corrupção envolvendo instituições financeiras, com o Banco Master sob escrutínio por supostas irregularidades em compliance. A revelação do contrato surge em um momento sensível para o ministro Moraes, relator de inquéritos sobre fake news e atos antidemocráticos, e adiciona camadas a questionamentos sobre a transparência de vínculos profissionais de parentes de magistrados.
Detalhes do Contrato e da Operação
O acordo, datado de 2024, não especificava litígios ou ações judiciais concretas para o banco, mas abrangia "assessoria jurídica em diversas matérias conforme necessidade", segundo o documento apreendido. A banca Barci de Moraes Advogados, sediada em São Paulo, é comandada por Viviane Barci de Moraes, advogada especializada em direito empresarial e contratual. Dois dos três filhos do casal – Giancarlo e Gabriela Barci de Moraes – atuam como sócios ou colaboradores no escritório, o que reforça a estrutura familiar da operação.
A descoberta ocorreu na fase inicial da Operação Compliance Zero, que investiga fraudes em bancos médios e grandes, com foco em evasão fiscal e lavagem de capitais. Daniel Vorcaro, dono do Banco Master (uma instituição de médio porte com foco em crédito consignado), teve seu celular vasculhado pela PF em buscas realizadas em 15 de novembro de 2024. O banco, fundado em 1990, faturou R$ 450 milhões em 2023 e tem sido alvo de auditorias do Banco Central por supostas falhas em controles internos.
| Aspecto | Detalhes do Contrato | Contexto da Operação |
|---|---|---|
| Valor Total | R$ 129 milhões | Apreendido em celular de Daniel Vorcaro (dono do Banco Master) |
| Duração e Pagamento | 36 meses, a partir de 2024; R$ 3,6 milhões/mês | Compliance Zero (nov/2024): Fraudes e lavagem em bancos |
| Escopo | Assessoria jurídica geral, sem casos específicos | Banco Master sob investigação do BC por compliance |
| Partes Envolvidas | Barci de Moraes Advogados (Viviane Barci de Moraes) | Filhos de Moraes: Giancarlo e Gabriela atuam na banca |
| Revelação | Malu Gaspar (O Globo, dez/2024) | PF confirma autenticidade; sem ligação com STF |
Contexto Familiar e Político
Viviane Barci de Moraes, casada com o ministro desde 1993, mantém uma carreira discreta na advocacia, com foco em contratos empresariais e consultoria. O escritório, registrado na OAB-SP, faturou R$ 15 milhões em 2023, segundo dados do CNPJ. A família Moraes ganhou holofotes em setembro de 2024, quando Metrópoles revelou a compra de uma mansão de 725 m² no Lago Sul, em Brasília, por R$ 12 milhões à vista – imóvel avaliado em R$ 14 milhões, com piscina e heliponto.
Embora o contrato não mencione o STF ou ações judiciais, opositores de Moraes, como deputados bolsonaristas, já usam a informação para questionar imparcialidade. Em postagens no X, figuras como o deputado Delegate Ramagem (PL-RJ) ironizaram: "Justiça para uns, contratos para outros?". O PL, partido de Jair Bolsonaro, cobra investigação sobre possíveis conflitos éticos, mas o STF não se pronunciou.
Repercussões e Implicações
A divulgação expõe tensões entre o Judiciário e o Executivo, com o Banco Central monitorando o Master para sanções. Para o setor jurídico, o caso reforça debates sobre a "síndrome do juiz de família", onde parentes de magistrados atuam em áreas sensíveis. O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) pode avaliar se há violação ao Código de Ética da Magistratura, que proíbe aparentes conflitos de interesse.
Advogados consultados por Metrópoles veem o contrato como "legítimo", desde que sem interferência judicial, mas recomendam transparência maior. O Banco Master negou irregularidades em nota, afirmando que os serviços foram "devidamente contratados e pagos". Viviane Barci de Moraes, por meio de assessoria, limitou-se a dizer que "cumpre todas as normas éticas".
O episódio, embora isolado, alimenta narrativas de polarização em ano pré-eleitoral, com 2026 à vista. A PF segue com buscas, e atualizações podem vir a qualquer momento. Para mais, acompanhe as colunas de Metrópoles.
