Publicações
Publicado: 10 de novembro de 2024 às 11:54

Empresas nos EUA reduzem variedade de produtos nas prateleiras para cortar custos

Estratégia tem como objetivo reduzir custos operacionais e aumentar a eficiência

Nos últimos anos, muitas empresas têm adotado uma estratégia que visa reduzir a variedade de produtos oferecidos aos consumidores como forma de cortar custos e aumentar a lucratividade. Um exemplo disso é uma grande empresa do setor alimentício que, no ano passado, comercializava 71 versões diferentes de um de seus produtos mais populares. Entre as opções estavam diferentes tipos de pepperoni, como em cubos, de peru, com menos sódio ou gordura, e até fatias grossas. Porém, essa grande diversidade de produtos começou a se tornar um problema. A empresa decidiu revisar sua linha de produção e eliminar 25% dos itens, concentrando-se nas versões mais lucrativas e simplificando sua operação. A razão para isso é clara: muitos produtos, embora bem-intencionados, não geravam um retorno financeiro significativo e acabavam por aumentar os custos, ficando armazenados por longos períodos.

A estratégia de simplificação de linhas de produtos não é única dessa empresa, mas uma tendência crescente entre grandes corporações de diferentes setores. O movimento de "racionalização de SKU" (unidades de manutenção de estoque) começou a ganhar força durante a pandemia de 2020, quando a demanda pelos produtos mais populares aumentou, mas as cadeias de suprimentos foram interrompidas. Com isso, muitas empresas aceleraram a produção de seus itens mais vendidos e diminuíram drasticamente as variações de produtos, como uma forma de se adaptarem à nova realidade.

Agora, em um cenário de aumento de preços e queda nas vendas, essa redução de variedade se tornou uma estratégia essencial para muitas marcas. O aumento nos custos de produção, como o preço de matérias-primas e o transporte, levou essas empresas a repensarem suas ofertas. Muitas marcas, que antes buscavam ampliar ao máximo suas opções para ganhar mais espaço nas prateleiras, agora se concentram em reduzir o número de variações para focar em itens mais rentáveis e com maior margem de lucro.

De acordo com especialistas, ao reduzir as opções, as empresas conseguem diminuir seus custos de produção, distribuição e armazenamento, além de otimizar seus esforços em publicidade e vendas. A pesquisa realizada por uma consultoria revelou que, ao cortar itens não lucrativos, as empresas conseguiram aumentar suas margens de lucro, em média, em 0,9% desde 2019. Além disso, uma linha de produtos mais enxuta permite que as empresas concentrem seus recursos em itens mais populares e com maior demanda, facilitando a gestão de estoque e a reposição nas prateleiras.

A tendência de redução de produtos não se limita apenas ao setor alimentício. Grandes marcas de roupas, como a Levi’s, também decidiram cortar parte de suas peças de vestuário para se concentrar em vendas diretas aos consumidores. Já empresas de varejo, como a Dollar General, eliminaram várias opções de itens como maionese e outros produtos de baixo giro, simplificando a experiência de compra para os consumidores e reduzindo o trabalho de reposição nas lojas.

No entanto, essa estratégia de cortar variedade nem sempre é bem recebida pelos consumidores. Embora a redução de opções possa simplificar a escolha para alguns, ela também pode frustrar aqueles que têm preferências específicas ou estão acostumados a um determinado produto. Além disso, em alguns casos, a eliminação de versões menos populares de um produto pode criar um conflito com os varejistas, que preferem manter uma maior variedade para atender a todos os tipos de consumidores.

Exemplos de falhas dessa estratégia também não faltam. Em 2009, uma grande rede de varejo retirou milhares de itens de suas prateleiras para reduzir a desordem nas lojas, mas acabou perdendo clientes que não encontraram seus produtos favoritos. A reação foi tão negativa que, dois anos depois, a empresa teve que trazer de volta muitos desses itens, com a promessa de que estavam "de volta por demanda popular". A lição aqui é clara: ao cortar produtos, é preciso tomar cuidado para não alienar os consumidores fiéis e prejudicar a percepção da marca.

Esse dilema entre reduzir a variedade e manter a fidelidade do cliente é um dos grandes desafios enfrentados pelas empresas hoje em dia. Enquanto algumas marcas conseguem adaptar-se com sucesso à estratégia de simplificação de produtos, outras podem encontrar dificuldades ao perceberem que cortaram opções que, embora menos lucrativas, eram essenciais para o engajamento de uma base de clientes diversificada.