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Publicado: 06 de dezembro de 2024 às 10:21

Brain Rot: O termo do ano do Oxford que explica como a vida digital está afetando nossas mentes

A Oxford University press escolheu sua palavra do ano de 2024: “brain rot”.

A Oxford University Press escolheu sua palavra do ano de 2024: “brain rot” (ou “apodrecimento cerebral”, em tradução literal), um termo que resume o desgaste mental da vida moderna marcada pela constante exposição às telas. Com a rotina em que passamos o dia conectados aos nossos dispositivos – no trabalho e no lazer – o conceito descreve o impacto psicológico do consumo excessivo de conteúdos digitais, especialmente os oferecidos pelas redes sociais. O termo "brain rot", que também pode ser escrito como "brainrot" ou "brain-rot", refere-se ao declínio das capacidades cognitivas de uma pessoa devido ao tempo excessivo consumindo conteúdo superficial ou de baixa qualidade. Estudos científicos estão cada vez mais investigando os efeitos dessa sobrecarga digital, apontando suas consequências para a saúde mental e o bem-estar das pessoas. Nos últimos meses, a expressão tem circulado com frequência nas redes sociais para descrever o efeito negativo das atividades repetitivas online, como rolar infinitamente o feed de plataformas como TikTok, assistir a vídeos curtos e sem contexto ou se perder em notícias sensacionalistas.

Por que “brain rot” foi escolhido?

A escolha da Oxford para a palavra de 2024 vem após uma votação pública, na qual mais de 37 mil pessoas selecionaram o termo como o que melhor refletia os tempos atuais. Além disso, a Oxford analisou dados linguísticos e observou que o uso de “brain rot” aumentou 230% de 2023 a 2024. A palavra passou a ser amplamente associada ao crescente debate sobre os impactos negativos do consumo excessivo de conteúdo online, particularmente o tipo de conteúdo de baixa qualidade compartilhado em plataformas sociais. Embora a palavra tenha sido amplamente popularizada nas redes sociais, ela também entrou na lista das finalistas para a palavra do ano do Dictionary.com. No entanto, o termo “demure”, que significa “recatado”, foi o escolhido, após ganhar destaque em um vídeo viral no TikTok.

Efeitos do “brain rot”

Estudos indicam que o consumo excessivo de redes sociais pode causar ansiedade, depressão e baixa autoestima. Isso acontece porque muitas vezes as pessoas se comparam com as versões idealizadas de outras, que compartilham momentos filtrados e curados de suas vidas. “Passar horas rolando os feeds nos expõe a enormes quantidades de dados sem sentido, notícias negativas e imagens altamente editadas, o que acaba gerando sentimentos de inadequação”, afirma o Newport Institute, um centro especializado em saúde mental. Essa absorção constante de informações também pode levar à chamada fadiga mental, com impactos diretos na motivação, no foco e na produtividade, especialmente entre os mais jovens.

A fadiga das telas no trabalho

Com o aumento do trabalho remoto, a vida profissional também se tornou ainda mais centrada em dispositivos digitais. E-mails intermináveis, videoconferências e notificações constantes criam uma sensação de exaustão, como se estivéssemos constantemente em um estado de hiperatividade mental, mas com pouca profundidade. Esse cansaço é uma das causas do "brain rot", agravada pela pressão de estar sempre disponível online, o que contribui para o aumento do estresse e da ansiedade.

O histórico de "brain rot"

Embora o termo tenha se popularizado com a cultura digital, suas origens remontam ao século XIX. Henry David Thoreau foi o primeiro a utilizar a expressão em seu livro Walden, de 1854, onde refletia sobre a simplicidade da vida e o distanciamento da complexidade intelectual da sociedade. Thoreau criticava a forma como a sociedade preferia soluções simples, em vez de investir em um pensamento mais profundo: "Enquanto a Inglaterra tenta curar a podridão da batata, ninguém tenta curar a podridão do cérebro", escreveu ele. Hoje, "brain rot" é comumente usado de forma humorística e autodepreciativa para descrever a falta de energia mental provocada pelo excesso de estímulos digitais. Contudo, a popularização do termo também levanta questões sérias sobre os efeitos cognitivos e psicológicos do consumo excessivo de conteúdo online, especialmente entre os mais jovens.

Conclusão

A escolha de “brain rot” como palavra do ano de 2024 é um reflexo da nossa crescente dependência digital e um alerta para os efeitos negativos dessa relação. Cada vez mais, vemos a necessidade de repensar nossa interação com a tecnologia e, talvez, resgatar o equilíbrio entre a vida digital e o mundo real.