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Publicado: 30 de novembro de 2025 às 16:05

Trump fecha espaço aéreo da Venezuela:

Anúncio no Truth Social cita traficantes de drogas e pessoas em meio a exercícios militares americanos no Caribe; Maduro denuncia "ameaça colonialista", enquanto voos internacionais caem 25%

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira (29) o fechamento total do espaço aéreo da Venezuela, em um post no Truth Social dirigido a companhias aéreas, pilotos e traficantes de drogas e pessoas. A medida, descrita como um alerta de "fechamento completo" sobre e ao redor do país, ocorre em meio a uma escalada de tensões bilaterais, com exercícios militares americanos no Caribe envolvendo milhares de tropas e o porta-aviões USS Gerald Ford – o maior do mundo. Washington justifica a ação como combate ao narcotráfico, mas Caracas denuncia como "ameaça colonialista e agressão ilegal". O anúncio pode isolar ainda mais a Venezuela, já com rotas aéreas reduzidas em 24,7% na última semana, deixando milhares de passageiros varados.

Trump não mencionou invasão militar, mas o aviso segue um alerta da Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) em 22 de novembro, elevando o risco para o máximo (classe Kilo) devido a "atividades militares intensas" ao redor da Venezuela, ameaçando voos em todas as altitudes. O regime de Nicolás Maduro revogou autorizações de seis companhias internacionais na quinta (27), após elas não retomarem voos em 48 horas, agravando o isolamento.

“A todas as companhias aéreas, pilotos, traficantes de drogas e traficantes de pessoas, por favor considerem o fechamento completo do espaço aéreo acima e ao redor da Venezuela. Obrigado pela atenção a este assunto!”, escreveu Trump no Truth Social.

Escalada de tensões: de sanções a operações navais

As relações EUA-Venezuela azedaram desde a reeleição de Trump em 2024, com acusações de narcotráfico contra Maduro e militares chavistas. O suposto Cartel de Los Soles – rede ligada às Forças Armadas venezuelanas – foi designado como organização terrorista em outubro, levando a sanções financeiras. Desde setembro, os EUA realizaram pelo menos 21 ataques a embarcações suspeitas de tráfico no Caribe e Pacífico, resultando em mais de 80 mortes – sem evidências públicas de narcóticos a bordo, o que levou organizações de direitos humanos a denunciar "execuções extrajudiciais".

Em 27 de novembro, Trump prometeu ações "por terra" contra traficantes venezuelanos, em videochamada de Ação de Graças com tropas americanas. Apesar disso, fontes como o New York Times relatam uma ligação recente entre Trump e Maduro, discutindo possível encontro com o secretário de Estado Marco Rubio, sugerindo canais diplomáticos paralelos.

 

Evento chaveDataDetalhes
Designação do Cartel de Los Soles como terroristaOutubro 2025Sanções financeiras contra Maduro e militares
Ataques a embarcações de drogasSetembro 202521 operações no Caribe/Pacífico; 80+ mortes
Alerta da FAA22/nov/2025Risco máximo (Kilo) para aviação em todas as altitudes
Revogação de voos por Maduro27/nov/2025Iberia, TAP, Gol, Latam, Avianca e Turkish perdem autorizações
Post de Trump no Truth Social29/nov/2025"Fechamento completo" do espaço aéreo venezuelano

Impacto imediato: voos cancelados e passageiros varados

O anúncio de Trump ampliou o caos aéreo na Venezuela, com voos semanais caindo de 105 para 79 (redução de 24,7%). Milhares de passageiros estão presos, e rotas ativas limitam-se a México, Colômbia, Panamá, Peru, Curaçao, Cuba, São Vicente e Granadinas, Barbados – além de voos estatais da Conviasa para China (Cantão), Rússia (Moscou e São Petersburgo) e Cuba (Varadero).

A Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo) criticou a medida como "contraprodutiva", alertando para isolamento total do país, já um dos menos conectados da América Latina. Maduro, via Ministério das Relações Exteriores, chamou o alerta de "extravagante, ilegal e injustificado", vendo-o como tentativa de derrubada.

Humanos direitos, como a Anistia Internacional, questionam as operações navais americanas como violações ao direito internacional. Analistas preveem que, sem NOTAM oficial da FAA, o impacto é mais retórico, mas suficiente para deter voos comerciais.

O episódio reforça a guerra híbrida, com potencial para afetar comércio e remessas de venezuelanos no exterior. Atualizações virão com respostas de Caracas ou novas sanções.