Fundo de Previdência de Maceió aprovou R$ 97 milhões no Banco Master sem quórum mínimo: quórum irregular e risco de perdas bilionárias
Reunião de dezembro de 2024 teve apenas 6 conselheiros presentes; aportes em títulos sem proteção do FGC bloqueados após liquidação do banco; vereador Rui Palmeira denuncia à PF.
O Instituto de Previdência dos Servidores Públicos de Maceió aprovou aportes de R$ 97 milhões em títulos do Banco Master durante uma reunião sem quórum mínimo, realizada em 27 de dezembro de 2024 – período entre Natal e Ano Novo. A sessão, com apenas seis conselheiros presentes e ausência de assinaturas necessárias, aprovou uma política de investimentos que permitiu aplicações em carteiras sem cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), agora bloqueadas após a liquidação extrajudicial do banco pelo Banco Central (BC) em 19 de novembro de 2025. O episódio, que soma-se a R$ 2 bilhões investidos por 19 fundos de previdência em títulos do Master, gerou denúncia à Polícia Federal (PF) pelo vereador e ex-prefeito Rui Palmeira (PSD-AL), questionando irregularidades na documentação e operações de alto risco.
A consultoria Crédito & Mercado, contratada para orientar as decisões, afirmou que sua atuação é apenas técnica e opinativa, sem influência em investimentos. O caso expõe fragilidades na governança de regimes próprios de previdência social (RPPS), com risco de perdas expressivas para aposentados e pensionistas de Maceió.
“A reunião aprovou uma política que abriu margem para investimentos sem FGC, mas a decisão foi exclusiva dos gestores públicos. Não temos vínculo com o Banco Master”, declarou a consultoria em nota, reforçando que só elabora relatórios de risco e retorno.
Detalhes da reunião irregular: quórum insuficiente e aportes de risco
A sessão de 27 de dezembro de 2024, conduzida por Renan Calamia (representante da Crédito & Mercado), não tratou diretamente dos aportes no Master, mas aprovou diretrizes que facilitaram investimentos em carteiras sem proteção do FGC. Com quórum mínimo de seis conselheiros (de 11 necessários), o encontro careceu de assinaturas para validação, segundo denúncia de Palmeira. Os dois aportes, de R$ 97 milhões, foram feitos posteriormente, em meio a sinais públicos de dificuldades financeiras do banco.
O Instituto de Previdência de Maceió defendeu a contratação da consultoria como "processo administrativo regular", com verificação de capacidade técnica. No entanto, Calamia descreveu a gestão como "conservadora", alinhada a princípios como boa governança e liquidez – critérios questionados pela PF.
| Fato chave | Detalhes |
|---|---|
| Data da reunião | 27 de dezembro de 2024 (entre Natal e Ano Novo) |
| Quórum presente | 6 conselheiros (mínimo insuficiente de 11) |
| Aportes aprovados | R$ 97 milhões em títulos do Banco Master sem FGC |
| Total em 19 fundos | R$ 2 bilhões investidos, agora bloqueados |
| Denúncia à PF | Por Rui Palmeira (PSD-AL), por falhas documentais e risco |
Implicações: risco de perdas e investigação em curso
Com a liquidação do Master, os R$ 97 milhões estão bloqueados, expondo aposentados de Maceió a prejuízos. O caso se soma a outros 18 fundos de previdência que aplicaram R$ 2 bilhões no banco, sob investigação da PF por suspeitas de fraude e operações de alto risco, apesar de alertas públicos. Palmeira cobra apuração de responsabilidades, incluindo a consultoria, por orientações que ignoraram sinais de insolvência.
A Crédito & Mercado nega influência, limitando-se a relatórios baseados em dados públicos. O Ministério da Previdência Social monitora RPPS para evitar repetições, mas ruralistas como a CNA criticam a falta de transparência em investimentos estatais.
Atualizações virão com o inquérito da PF e possível recuperação de ativos.
